Alguns turistas em Lisboa foram hoje obrigados a alterar os planos de visita à cidade, onde há museus encerrados, devido ao apagão no abastecimento elétrico que tem limitado a comunicação, os transportes e o pagamento de compras com multibanco.
Na zona do Chiado, junto ao Largo Camões, os elétricos da Carris estão parados no meio da rua. O portão de acesso ao Metro de Lisboa está fechado, também devido ao corte generalizado no abastecimento elétrico. Nas paragens de autocarro, há filas de pessoas para conseguir ter transporte. Com menor procura, alguns ‘tuk-tuk’ continuam a circular e a mostrar a cidade aos turistas.
Apesar de alguns constrangimentos, os turistas aproveitam o dia de sol, continuam a tirar fotografias e preenchem as esplanadas no centro histórico, refrescando-se com bebidas e alimentando-se com petiscos, em restaurantes e cafés que se mantêm abertos, mas sem luz.
Vindos da República Dominicana, num cruzeiro que teve Lisboa como paragem, o casal Maria e Fausto Ramirez passeia a pé no centro histórico lisboeta, depois de terem sido obrigados a alterar o programa previsto de visita a Sintra. Primeiro foram surpreendidos com a greve nos comboios da CP, depois contactaram uma agência turística para fazer a viagem, mas acabaram por ser aconselhados a adiar o plano devido ao apagão, porque “a situação do trânsito está complicada”.
Em declarações à Lusa, na zona do Chiado, Fausto Ramirez espera que o abastecimento de eletricidade seja restabelecido em breve, inclusive para poderem reprogramar a visita a Sintra. Quanto à logística da estada em Lisboa, o turista disse que fez “um par de compras”, mas pagou “em efetivo”, pelo que não sentiu dificuldades.
“De todas as maneiras, o apagão tem uma vantagem: estamos a desfrutar”, acrescenta Maria Ramirez, referindo que ficou “um pouquito estupefacta” com a notícia do apagão.
“Nunca nos tinha acontecido isto”, destaca, ressalvando que, apesar dos constrangimentos, “sempre é agradável, Portugal é muito agradável”.
Também um grupo de amigos vindo de Angola e de férias em Lisboa foi surpreendido com o apagão. Ficaram sem internet e, depois, foram ver se tinham eletricidade no alojamento, mas só quando saíram à rua é que confirmaram o que se passava.
“Todos os planos, praticamente, foram alterados ou adiados”, conta o angolano César Chiyaya, explicando que, com o Metro fechado, não pode deslocar-se na cidade, até porque não gosta muito de caminhar.
Estes amigos de Angola queriam comprar comida, mas “o problema é que não tinham dinheiro em mãos”, portanto não conseguiam pagar: “Tínhamos um pão e chouriço e já o comemos. Se isto não voltar ao normal, passamos fome”.
Sobre a previsão de quando será restabelecida a normalidade, César Chiyaya considera que “nem que seja mais uma hora já é muito”, esperando que a situação seja ultrapassada em breve.
Sentada junto ao Largo de Camões enquanto aguarda notícias, Sandra Ortega, natural do México, soube da notícia do apagão quando chegou a Lisboa de autocarro, vinda de Alenquer, onde está hospedada em casa de amigos. Queria apanhar o metro, mas estava fechado. Teve de ir de táxi até ao centro histórico.
A mexicana tinha “muita vontade” de visitar alguns lugares, “mas estão encerrados”. Tentou entrar no Castelo de São Jorge, porém não conseguiu, “porque não podiam imprimir os bilhetes”.
Sandra Ortega conta ainda que alguns familiares iam regressar hoje ao México, mas já não vão, porque cancelaram os voos. Desde o apagão que não consegue comunicar com os familiares, considera que a situação “é preocupante”, mas está “tranquila”.
“A questão do dinheiro é um caos”, acrescenta, referindo que não tem muito dinheiro na carteira, pelo vai ter de “ir aguardando os pouquitos euros” para se manter na cidade de Lisboa, até que a situação seja resolvida.
Vindos de Barcelos para visitar Lisboa, Helena Leitão e o marido souberam do apagão após descer o Castelo de São Jorge. Aperceberam-se que “alguma coisa estava diferente”, “alguma coisa estava mal”, com os elétricos parados no meio da rua, e no restaurante onde almoçaram já não havia luz para pagar e tiveram de pagar com dinheiro, mas só confirmaram a notícia após o telefonema do filho.
Quanto aos planos turísticos, o casal adianta que tem um programa para ouvir fado esta noite, mas ainda terá de confirmar “se realmente vai acontecer”.
A REN – Redes Energéticas Nacionais confirmou hoje um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e parte do território francês e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia.
O apagão registou-se às 11:30 de Lisboa.