O SC Braga apresentou esta segunda-feira, no seu site na Internet, um “dossier” de factos acerca dos horários dos seus jogos, dos quais se queixa. O clube sublinha ser a equipa que joga mais tarde, em termos de horário, e que menos vezes joga ao fim-de-semana.
“Basta olhar para os horários para os quais o SC Braga tem sido empurrado para que se perceba que os nossos sócios e adeptos mais jovens não têm, hoje, lugar nos jogos da sua equipa”, destaca.
Na próxima jornada, em que recebe o Chaves, os ‘arsenalistas’ vão jogar às 15:00 horas, no domingo. Para o clube, de acordo com aquela nota, “é uma conquista que tem de ter uma mensagem anexada para que algo mude no futebol português”.
Os bracarenses destacam que esta questão não se trata de um ataque contra ninguém, mas é, isso sim, a “base de reflexão comum (…), é um manifesto a favor do futebol português.
O dossier do SC Braga na íntegra
“Horários indecentes”. O grito de revolta não ignora que o futebol de 2019 não é igual ao futebol do século XIX, mas a matemática de quem tem de gerir a indústria da multiplicação da distribuição através da TV e das plataformas digitais não pode significar a subtração de espectadores aos estádios.
Portugal tem tratado melhor o adepto de sofá do que o adepto de bancada, mas nem o espectáculo televisivo pode subsistir numa lógica de agressão a quem faz parte da moldura do jogo, completando-o e enriquecendo-o.
Sem adeptos nos estádios, o nosso futebol é mais pobre.
Essa é a máxima que o SC Braga defende e que os seus adeptos reclamam ver praticada. Fazê-lo implica repensar a forma como distribuímos o nosso calendário. Implica permitir que o futebol seja o desporto universal que sempre foi e que lhe permitiu atingir índices de popularidade únicos. Implica que não se restrinja, com a marcação dos jogos, o acesso aos mesmos dos nossos idosos e, não menos importante, das nossas crianças, os adeptos de amanhã.
Basta olhar para os horários para os quais o SC Braga tem sido empurrado para que se perceba que os nossos sócios e adeptos mais jovens não têm, hoje, lugar nos jogos da sua equipa.
A marcação do encontro com o GD Chaves para domingo, dia 10, às 15 horas, é uma conquista que tem de ter uma mensagem anexada para que algo mude no futebol português.
O SC Braga deu voz aos seus sócios e adeptos com a pressão exercida para esta marcação. Deixou que seja a sua presença ou a sua ausência a falar, daí se determinando se há de facto novos caminhos para percorrer.
Acreditamos que sim. E acreditamos que os factos traduzem, com efeito, as razões das assimetrias entre o nosso futebol e o futebol de topo. Por isso entendemos que é nosso dever partilhar as informações recolhidas e que o Presidente António Salvador já tem esgrimido em sede de Conselho de Presidentes e noutros fóruns.
Sim, é verdade que o SC Braga é a equipa em Portugal que joga mais tarde.
Sim, é verdade que Portugal tem o campeonato onde menos se joga aos fins-de-semana.
Sim, é verdade que o SC Braga, comparando-se com equipas de igual destaque de outros campeonatos, constata diferenças significativas nos horários a que joga.
A informação que aqui partilhamos é uma base de reflexão comum. Não é uma manifestação contra ninguém, é um manifesto a favor do futebol português.
Não é o fim da discussão, é o início de um processo de mudança que todos reclamamos.
Porque não queremos matar o futebol.
Parte I: O SC Braga “empurrado” para a última sessão
Parte II: A Liga que mais joga durante a semana
Parte III: A que horas jogam os “Bragas” dos campeonatos europeus?