SC Braga e Câmara discutem diferendo por contrapartidas previstas na cedência de terrenos

Ricardo Rio e António Salvador. Foto: DR

O SC Braga mostra, quarta-feira, de manhã, no estádio, ao Executivo Municipal de Braga, o projeto de construção da segunda fase da Cidade Desportiva, que incluiu a reconversão, em pavilhão, da piscina inacaba que estava a ser construída junto ao novo estádio.

O convite foi feito pelo presidente da coletividade, António Salvador. Esta segunda-feira, e fora da agenda de trabalhos da reunião de Câmara, o vereador socialista, Miguel Corais, perguntou ao Presidente, Ricardo Rio, qual o motivo ou o fim da reunião. No final, o autarca socialista disse aos jornalistas que “não faz muito sentido” ir a uma reunião sem saber porquê, nomeadamente sem conhecer os motivos de de um diferendo entre a Autarquia e o clube.

Na ocasião, o vereador da CDU, Carlos Almeida, ouvido pela Rádio Universitária do Minho (RUM), não quis antecipar cenários: “Não tenho elementos que permitam dizer que alterações é que estão em cima da mesa, portanto só depois é que posso decidir sobre elas, mas quero deixar claro que estamos a defender os interesses do município, o interesse público e qualquer alteração tem que ter isso em conta”, avisou.

Já o autarca Ricardo Rio disse a O MINHO que o Município não vai abdicar das contrapartidas previstas no acordo de cedência, ao SC Braga, dos terrenos da chamada «Cidade Desportiva», bem como da piscina inacabada junto ao novo estádio. Que foram aprovadas pela Assembleia Municipal e, posteriormente, avalizadas pelo Tribunal de Contas. Abdicar, diz outra fonte, seria incorrer na possibilidade de praticar um crime de prevaricação. O clube, que vai aproveitar a estrutura de betão da piscina para construir um pavilhão, não quer ceder, como previsto, algumas das contrapartidas em termos de espaço.

Sede da Cruz Vermelha

Na ocasião, foram, ainda, abordados dois temas de relevo para a comunidade. A construção de um Tanatório – o nome dado aos crematórios de cadáveres – e a questão do “chumbo” das obras de construção de uma nova sede da Cruz Vermelha.

No primeiro caso, o vereador comunista Carlos Almeida considerou que a aprovação de alterações à obra, nos arranjos exteriores, proposta pelo empreiteiro e aprovada pela Câmara, não pode trazer apenas benefícios para o construtor. “É preciso”, vincou, que se saiba se as alterações implicam diminuição de custos, em 100 mil ou mais euros, o que prejudicaria o interesse público e iria contra o concurso público. Uma tese que Ricardo Rio rebateu, ao mesmo tempo que anunciava a conclusão do empreendimento para dezembro.

Já no que toca à Cruz Vermelha, o PS, pela voz de Miguel Corais, defendeu que o Município tem de ajudar a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) a encontrar uma solução para uma nova sede social. E fê-lo, louvando o seu trabalho em prol dos mais desfavorecidos.

A este propósito, o presidente do Município, Ricardo Rio afirmou que o projeto arquitetónico colide com o Plano Diretor Municipal e com o Regulamento do Centro Histórico: “a solução seria a construção de um projeto de raiz noutro local”, alvitrou.

O projeto da CVP prevê a demolição da vivenda. O despacho negativo da Divisão de Urbanismo considera que o prédio tem interesse municipal e sustenta que uma construção de raiz contribuiria para “descaraterizar a Avenida 31 de janeiro”.

Já o presidente da Cruz Vermelha, Armando Osório disse que o organismo continua a esperar que a Câmara mostre abertura para resolver o problema e reconheça a validade do seu trabalho social : “a decisão camarária contém ilegalidades na sua fundamentação”, frisou, lembrando que a sede não pode sair da zona já que serve as populações de São Victor, São Lázaro e São Vicente.

O dirigente associativo, que já foi foi vereador do PSD na Câmara, sublinha que o edifício está “a cair de pôdre”, não tendo hipótese de reconstrução. Uma outra fonte da CVP diz que, na avenida, há apenas quatro ou cinco vivendas, com mais de 50 anos, porque as restantes foram demolidas.

O prédio está a ser “comido” pelas térmitas que atacam as paredes, as vigas de cimento, e o chão de madeira, que se desfaz em farinha. Tem os tetos rachados.

 
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