ARTIGO DE JOÃO RODRIGUES
Presidente da JSD Braga
1. A chamada “necessidade de palco” está, por estes dias, em Braga, a mostrar-se em todo o seu esplendor.
2. O cinema S. Geraldo encontra-se fechado há mais de vinte anos. Vinte anos em que o edifício sofreu, por razões óbvias, uma degradação natural. Está devoluto, sem qualquer tipo de utilização e indisponível para o exercício de qualquer atividade, seja ela cultural, puramente económica e/ou de outra índole.
3. A Arquidiocese de Braga esteve aberta, durante todo este tempo, a propostas e a ideias para a requalificação do espaço. Pois que, durante mais de vinte anos, ninguém disse nada acerca do assunto. Ninguém falou, ninguém propôs, ninguém exigiu. Entretanto, Braga passou a contar com o Theatro Circo, com o GNRation e com mais de uma dezena de salas de cinema que vieram, goste-se ou não do estilo e cientes que estamos de todas as melhorias possíveis, adicionar uma maior oferta cultural à cidade.
4. Depois de várias tentativas em prosseguir com as obras de requalificação do espaço – o que não chegou a acontecer por razões de ordem financeira (que, de resto, afetaram o país inteiro nos últimos anos) -, a Arquidiocese apresentou agora um projeto para a requalificação do edifício, adaptado às exigências do tempo em que vivemos. O projeto prevê a criação de um hotel de charme, de espaços de restauração e, ainda, a manutenção do espaço ocupado pelo palco que pertencia ao cinema S. Geraldo, prometendo retomar a produção cultural naquele espaço, com cinema, teatro e outros espetáculos que se achem adequados ao mesmo.
5. Dá, assim, a Arquidiocese, de mão beijada, mais um contributo à cidade que é de todos nós.
6. Ora, caro leitor, numa situação normal, a história acabava aqui, com manifestações de regozijo por parte dos agentes políticos, que percebiam que um privado estava a contribuir para o enriquecimento da cidade, recuperando um edifício histórico e que esta mesma requalificação só traria benefícios para aquela: serão criados postos de trabalho, será gerada riqueza, será recuperado um edifício de enorme grandeza, com ganhos claros para a praça que lhe faz frente e, em consequência, para todo o centro histórico. E, tudo isto, sem que seja gasto um cêntimo dos cofres públicos – que é o mesmo que dizer: sem que seja gasto um cêntimo dos nossos bolsos; dos bolsos de todos e de cada um dos bracarenses. Bolsos que, ao longo dos últimos anos, se têm visto esvaziados à custa de péssimas (e senão mesmo criminosas) opções.
7. Sucede que não vivemos uma situação normal: estamos a pouco mais de um ano das eleições autárquicas e há quem não perceba que aquilo que nos pode parecer, à partida, uma boa oportunidade de aparecer e tentar (re)nascer politicamente aos olhos dos bracarenses, pode não passar mesmo de um tiro ao lado. Um tiro ao lado que não só nada acrescenta como poderia correr mesmo o risco de prejudicar.
8. Os partidos da oposição, juntamente com alguns – poucos – agentes da cidade – aqueles que aparecem de quatro em quatro anos -, têm vindo a levantar entraves ao que se nos apresenta, criticando a solução encontrada, com base no fundamento batido e rebatido do “morre um espaço cultural”.
9. A isto, junta-se o facto de pretenderem que a CMB tome uma “posição” acerca do assunto, como que obrigando a Arquidiocese a dar destino diverso a um equipamento que é seu. Alguns sugerem, ainda, que a CMB adquira o espaço (devoluto) por um preço nunca inferior a 5 milhões de euros.
10. Ora, nada mais errado. Nada mais oportunista. Nada mais injustificado.
11. Os rostos da oposição bracarense demonstram, no fundo, que estão alheados: daquilo que a cidade é hoje e, consequentemente, daquilo que ela necessita.
12. Se em vez de criticarem, de forma injustificada, a Arquidiocese e a solução encontrada – que só nos pode encher de contentamento -, fossem responsáveis e não se tentassem aproveitar com o intuito de ganhar palco, teriam, politicamente, saído a ganhar. É que os bracarenses não são parvos.
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