É um dos mais antigos e conhecidos restaurantes de Barcelos. Com 45 anos de história, o Furna desde o início teve take-away. Há 10 anos começou a apostar nas entregas ao domicílio, tornando-se pioneiro no domínio da entrega ao domicílio de comida regional (até então, em Barcelos só eram entregues pizzas). E esse ‘know-how’ serviu de almofada para atenuar o impacto da crise pandémica. A entrega ao domicílio cresceu com a pandemia: de 20 freguesias passou a abranger todo o concelho (89 freguesias, antes da reforma administrativa, 61 depois). De dois carros passou para sete. E para estes fins de semana de recolher obrigatório o serviço foi reforçado com mais dois carros.
“Não pudemos meter lay-off, dado que nunca perdemos mais do que os 40% do que o estado previa, porque crescemos no take-away e no domicílio”, explica a O MINHO o gerente, Armando Pinto.
“A Furna tem 45 anos de existência com take-away. Já temos domicílio há dez anos. Antes da pandemia tínhamos dois carros, neste momento temos sete e este fim de semana estamos com nove”, aponta. “É a única forma que temos de trabalhar”.
A entrega ao domicílio “esteve sempre a crescer”, mas a pandemia acentuou a subida. “Se calhar fazíamos cem entregas por semana e atualmente estamos nas 500 e muito”, sustenta Armando Pinto, recordando o início com apenas uma mota.
“Começámos com uma mota, duas motas, três motas, um carro, dois carros… Obviamente que esta situação pandémica fez com que o crescimento fosse mais exponencial, mas o futuro passa por aí”, considera o gerente do Furna, justificando que “se as pessoas fizerem as contas não saem de casa”.
“O custo não paga o facto de sair de casa, pegar no carro, procurar estacionamento, ficar na fila à espera, voltar para casa. A pessoa sai do trabalho, vai para casa, toma um banho, senta-se no sofá e uns minutos depois estamos a tocar à porta de sua casa com a comida”, argumenta.
A pandemia também levou o Furna, conhecidíssimo pelo seu frango de churrasco, a abranger todo o concelho de Barcelos, de Martim a Tregosa, da Pousa e Vila Cova. “Temos clientes em todas as freguesias e nesta situação pandémica fizemos o esforço de tentar chegar a eles todos”, sublinha.
Por outro lado, o serviço de sala teve uma “quebra de 75%”, o que leva a que, no cômputo geral, a casa continue “a perder” com a pandemia. Armando Pinto é solidário com as críticas do setor em relação às novas medidas mais restritivas, mas “a verdade é que já estávamos mal sem este confinamento”.
“Temos os restaurantes abertos, mas não trabalhamos. Ao domingo, estou a fazer 20% do que fazia. Como sustento os funcionários da sala a trabalhar a 20%? Como combato isso? É com o domicílio. E é quase em contraciclo. Estou neste momento a contratar pessoas. Hoje [sexta-feira] entrou mais um estafeta. Estamos a investir, comprámos mais um carro. No take-away e domicílio estamos em contraciclo, estamos a crescer, mas em termos gerais ainda temos prejuízo”, refere Armando Pinto, considerando que a experiência nestes dois domínios foi crucial.
“Temos toda a logística montada. O take-away e o domicílio já eram 50% do volume da casa, agora representa muito mais”, conclui.