Opinião de Adão Rocha
Presidente da Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde
A APTAS- Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde, foi formada em 2020, em plena Pandemia, tendo na sua génese a persecução de um objetivo primordial, que é reposição de uma profissão, que é de suma importância para a sociedade, dando aos profissionais, que todos os dias dão de si em prol dos outros, o digno reconhecimento da sua missão e serem inseridos como profissionais nas equipas especiais da saúde, dando-lhe um bem-estar pessoal, que vai muito além de qualquer questão monetária.
Dentro deste pressuposto, a APTAS detém na sua raiz de existência, uma visão holística sobre o Técnico Auxiliar de Saúde, e o que ele representa dentro do Serviço Nacional de Saúde, sabendo que será um trabalho árduo, pois vencer dogmas dos vários quadrantes, e em especial no seio dos profissionais inseridos nesta profissão, será uma cruzada.
O que perspetivamos como base fundamental para esta nobre profissão, numa visão presente/futura, é qualificar todos os Assistentes Operacionais, que se encontrem a prestar serviços dentro das funções exigidas pelo referencial de Técnico Auxiliar de Saúde, sendo esse o documento usado e aprovado pela ANQEP – Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional.
Contudo, para entendermos qual a importância que estes profissionais tem para as várias instituições onde estão inseridos, temos de compreender um pouco as modificações que estão a operar-se na nossa sociedade, demograficamente, Portugal está a ficar cada vez mais envelhecido, a família, que a umas décadas atrás era ainda alargada, passou rapidamente para uma família nuclear, o suporte familiar modificou-se completamente nos últimos 20 anos, os vários ganhos a nível Socioeconómico, bem como a evolução da ciência, resultou com o prolongamento da esperança de vida, teremos cada vez mais idosos, mas a precisar cada vez mais de cuidados.
Isso reflete-se em especial nos doentes de longa duração, esgotando a capacidade das Unidades de Cuidados Continuados e ou mesmo os Lares, mas também será uma população muito mais esclarecida sobre os seus direitos, isso traz um desafio acrescido para os profissionais de saúde, e para o Serviço Nacional de Saúde.
Com este intuito a APTAS foca a sua visão de querer preparar melhor os Técnicos Auxiliares de Saúde, sejam os atuais, Assistentes Operacionais, bem como os que se estão a formar. O saber-saber, o saber-fazer e em especial o saber-ser/estar, são fundamentais para a persecução de um serviço de excelência mais humanizado. APTAS – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS TÉCNICOS AUXILIARES DE SAÚDE Contudo, continuamos a ser desvalorizados pelos governantes e direi mesmo pela sociedade civil, se atentarmos, verificamos que raramente somos mencionados pelos órgãos de comunicação nacionais, tirando algumas exceções, a verdade é que, tem mais valor o gato da vizinha que ficou pendurado numa arvore, que é logo motivo noticioso, que dar vós a estes profissionais, que todos os dias dão um pouco de si, para um melhor estar/cuidado dos nossos/vossos familiares, mas que são esquecidos, auferindo o ordenado mínimo, com uma profissão de desgaste rápido, físico/emocional, tendo a responsabilidade de cuidar de pessoas na sua condição mais frágil, doença/velhice.
Considerando a luta que estes profissionais vem tendo ao longo destes quase 15 anos, em que uma lei cega, os atirou para o limbo das carreiras gerais do estado, retirando a estes a dignidade de uma carreira, em que para entrar nela, tinham de passar por uma formação específica, e que a partir de 2008, qualquer um podia entrar para estas instituições de cuidados sem nenhum requisito específico.
É de lamentar que só em Portugal isto aconteça, somos na realidade o parente pobre dos países da EU, pois na realidade, em todos os estados membros e outros países, não se entra para instituições de cuidados de saúde, seja no público ou no privado, sem ter formação específica, e muito menos sem ter uma profissão definida que os enquadre nos demais profissionais de saúde e os valorize como tal.
Infelizmente continuamos nesta senda, e perspetivamos que não será ainda este ano, e presumidamente nem em 2023, que se avizinhe alguma alteração neste não carreira dos Assistente Operacionais da saúde, pois à luz do que assistimos nos debates parlamentares onde se indagou o atual Ministro da Saúde sobre a criação da já aprovada Carreira de Técnicos Auxiliares de saúde, o mesmo refere que será algo para se ir fazendo ao longo da legislatura, aldrabando todos os portugueses inseridos nesta problemática, pois a promessa feita pelo Primeiro ministro, foi da inclusão em orçamento de estado em 2022 da criação da referida carreira.
A desculpa da queda da anterior equipa ministerial não pode justificar o adiar desta carreira, até porque existe todo um trabalho já feito, e que não deveria ser atirado ao lixo, pois isso não é ser eficiente nem eficaz, voltar à estaca zero, é na realidade o demonstrar de um sistema e estado burocrático ao mais alto nível, depauperando as nossas contas públicas, e com isso poder justificar mais uns impostos a acrescentar à já elevada carga fiscal que sofrem os portugueses.