A PSP está a investigar as ligações de elementos das claques de futebol afetas ao SC Braga com movimentos de extrema direita, de racismo, xenofobia e de intolerância, no âmbito da operação que ontem resultou em três detidos e na apreensão de quase 20 mil doses de droga.
“Os visados estão indiciados por se terem associado para a prática de diversos crimes, em especial contra as pessoas” e daí “o combate a fenómenos de violência no desporto, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos”, revelou a PSP.
Onze arguidos, três detidos
Como O MINHO já noticiou em primeira mão, a PSP de Braga deteve três dos suspeitos, um dos quais, residente na freguesia de Nogueira, em Braga, é igualmente também por tráfico de droga, tendo-lhe sido apreendidos vários tipos de droga.
As buscas e outras diligências da Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Braga decorreram no concelho de Braga, nas freguesias de Frossos, Nogueira, Lomar, São Vicente, São Victor, Palmeira e São Mamede de Este.
Seis suspeitos foram alvo de buscas e onze constituídos arguidos. A alguns deles foram imputados também os crimes de detenção de arma proibida e artefactos pirotécnicos, na sequência dos objetos proibidos que lhes foram apreendidos.
No cômputo geral, todos os arguidos, além dos que foram buscados, estão indiciados por crimes de ofensas à integridade física, cometidos no fenómeno desportivo, no caso tutelado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Guimarães.
Agressões aos adeptos do Vitória SC
Os vários crimes imputados aos arguidos no processo principal sob investigação a cargo da 1ª Secção do DIAP de Guimarães são de participação em rixa em espetáculo desportivo e de arremesso de objetos e/ou líquidos, bem como de dano qualificado.
Em causa estão principalmente os incidentes cometidos no dia 6 de janeiro, cerca das 19:45, antes de um jogo entre o SC Braga e o Vitória SC, a contar para a 16.ª jornada da I Liga, respeitante à temporada de 2023/2024.
Um dos processos tem a ver com os últimos incidentes, em Braga, em 06 de janeiro de 2024, entre adeptos do SC Braga e do Vitória SC, quando “casuais” (com rostos escondidos) conotados com o Braga atacaram os rivais de Guimarães.
Entretanto, em 02 de abril de 2024, a juíza de instrução criminal, Isabel Pinto Ribeiro, em Guimarães, onde se tratam crimes por violência no desporto, tinha decidido a proibição de acesso aos recintos desportivos por parte dos onze suspeitos então detidos.
Aquela magistrada, conhecida por ter mão pesada para os casos de criminalidade violenta, determinou também que tais adeptos se apresentem nas esquadras policiais das suas áreas de residência quando há jogos da equipa principal do SC Braga.
Todas as medidas coativas correspondem exatamente, como é costume, às mesmas que tinham sido pugnadas pelo procurador do Ministério Público, Ricardo Tomás, o magistrado que coordena todas as investigações por crimes de violência no desporto.
Nas seis buscas domiciliárias desta terça-feira, em Braga, a PSP deteve três suspeitos, não só por violência nos jogos de futebol, como tráfico de droga, apreendendo 8.500 doses de cocaína e outras drogas: 10 mil doses de anfetaminas e 30 doses de MDMA.
Foram também confiscados dois bastões extensíveis, duas soqueiras, uma munição de arma de fogo e cinco telemóveis, assim como artigos pirotécnicos e diverso material associado à ideologia Ultra, de extrema direita, além de 2.935 euros em dinheiro.
“Diversos episódios de violência nos complexos desportivos”
A PSP de Braga confirmou as três detenções, “na sequência de diversos episódios de violência nos complexos desportivos e áreas circundantes, visando a obtenção de prova, em vários processos crime, todos relacionados com a violência no desporto”.
“Tais comportamentos, contrários à lei, assumem um papel importante e determinante, afastando do desporto todos aqueles que, sentindo-se prejudicados, querem usufruir de um espetáculo saudável e festivo”, acrescentou o Comando da PSP de Braga.
“Esta operação é mais um contributo da PSP para que o desporto se eleve no estrito cumprimento da lei e na salutar convivência entre todos”, salienta a PSP.
O principal suspeito será hoje apresentado ao juiz de instrução criminal de Braga.
O advogado João Ferreira Araújo, defensor do principal arguido, disse a O MINHO reservar para hoje uma tomada de posição, “apenas após aplicadas as respetivas medidas de coação, para não se perturbar o trabalho das autoridades judiciais e policiais”.