O PS perdeu na última noite de domingo para o PSD a Câmara de Ponte da Barca onde liderava há 12 anos, tendo o candidato derrotado, Inocêncio Araújo, atribuído o “mau resultado” a “divisões internas”.
“Havia divisões e diferença de opiniões relativamente a quem deveria ser o candidato à câmara. Foi anunciado um candidato que depois se veio a verificar que não aceitou o convite. Só em janeiro, a convite e apelo do partido, eu decidi avançar como candidato. Foi um tempo curto e que se calhar me deu pouca margem para trabalhar de forma diferente”, afirmou hoje à Lusa o candidato socialista.
De acordo com os dados da Direção-Geral de Administração Interna (DGAI), em Ponte de Barca, único concelho do Alto Minho em que houve mudança de liderança municipal o candidato do PSD, Augusto Marinho, reconquistou o município perdido em 2005, alcançando 54,15 % dos votos.
O resultado surgiu depois de António Vassalo Abreu terminar 12 anos consecutivos como presidente da câmara pelo PS.
Com a saída de Vassalo Abreu, a lista rosa às eleições de 01 de outubro foi liderada pelo seu adjunto ao longo dos três mandatos, Inocêncio Araújo, que conseguiu 40,14% dos votos para o PS.
O autarca social-democrata fica a liderar a autarquia com maioria absoluta já que elegeu quatro mandatos num total de sete. Já o PS ficou com três lugares na vereação.
Para Inocêncio Araújo aqueles resultados “foram maus para o PS, que perdeu por uma larga margem” e “agora há que pensar no que se passou para o resultado ser desta forma”.
Explicou que “o processo interno de escolha de candidato foi complicado e bastante conturbado”, tendo havido “alguma hesitação” e “opiniões divergentes” o que “criou dificuldades na constituição das listas das freguesias”, prejudicando o arranque da campanha.
“Tenho que assumir o resultado. Sou cabeça de lista, fiz a lista, constituí a equipa e tenho que assumir o resultado. Acredito que, se as coisas tivessem sido mais pacíficas, internamente, podiam ser melhores”, referiu.
A agência Lusa tentou ouvir o presidente eleito nas autárquicas de 01 de outubro, mas sem sucesso.
Contactado pela Lusa, o presidente da concelhia do PSD de Ponte da Barca explicou que Augusto Marinho teve que se deslocar a Lisboa, onde é quadro superior do Ministério da Administração Interna.
No discurso de vitória proferido por Augusto Marinho, e publicado na página oficial de Facebook do PSD de Ponte da Barca, consultado pela Lusa, o candidato justificou os resultados com a “necessidade de mudança que os barquenses sentiam”.
“Foi uma campanha difícil mas a vitória que alcançamos é representativa da vontade que os barquenses sentiram de uma mudança, de uma viragem de política”, frisou.
Augusto Marinho disse que “ouviu e auscultou as populações do concelho para construir um manifesto que apresenta propostas que vão ao encontro dos problemas e necessidades das pessoas”.
“É para isso que a política serve. A política serve para encontrar soluções que resolvam os problemas das pessoas”, destacou, referindo que o segundo objetivo da sua candidatura “é unir os barquenses”, apelando “a um trabalho conjunto, com todos os que foram eleitos, sem discriminação em função de partidos ou de qualquer outra razão”.