Tiago Varanda é o padre do momento, depois de se ter ordenado, ontem no Sameiro, em Braga e ser o primeiro sacerdote cego no país a conseguir tal feito. O Arcebispo de Braga falou em desafio para a sociedade e para a Igreja Católica.
Para D. Jorge Ortiga, o acolhimento ao padre Tiago Varandas deve ser um sinal antes de mais para todos quantos, no meio da sociedade, “teimam ainda na exclusão”, segundo declarações à agência Ecclesia, acrescentando que para a Igreja Católica “é uma interpelação para o acolhimento de todos”.
“Para mim é também um sinal de que a Igreja vive a inclusão, não fala só da inclusão”, acrescentou aquele responsável católico.
Natural de Lamego, o padre Tiago Varandas, de 35 anos, nasceu com um glaucoma congénito que progressivamente lhe foi retirando a visão. A verdade é que antes de cursar Teologia, o agora padre, licenciou-se em História.
A força de vontade é uma característica que lhe é apontada por diversos familiares ouvidos pela agência Ecclesia e sublinhada por D. Jorge Ortiga. “Ele irá realizar um trabalho muito profícuo em diversas áreas”.
Com o anúncio das habituais movimentações eclesiais, a Tiago Varanda foi-lhe atribuída a coordenação de dois departamentos: o da educação cristã de adultos e das pessoas portadoras de deficiência.
“A pastoral da deficiência é um setor também muito importante e com certeza que ele encontrará as respostas mais adequadas”, sustentou D Jorge Ortiga.
A ordenação do primeiro padre invisual em Portugal abre, também, a porta para a questão das acessibilidades nos monumentos religiosos, onde já há algum trabalho mas que no futuro, deverá ser reforçado.
“Em muitos lugares essas acessibilidades estão feitas, mas por exemplo na Sé de Braga ainda não conseguimos encontrar uma solução, nós com o Ministério da Cultura, para conseguirmos criar essas condições”, admitiu ainda D. Jorge Ortiga na mesma entrevista.