Prevenção através da vacinação

Artigo da equipa da USF Pró-Saúde da ULS de Braga
Prevenção através da vacinação
Foto: DR

Rita Matilde Carvalho, Ana Raquel Fernandes, João Abreu, Médicos na USF Pró- Saúde da ULS de Braga

Gracinda Ferreira e Teresa Campos, Enfermeiras na USF Pró-Saúde da ULS de Braga

Vivemos numa era em que a ciência nos dá meios eficazes para prevenir doenças e salvar vidas. Ainda assim, persistem dúvidas e resistências injustificadas em relação à vacinação. Não se trata apenas de uma decisão pessoal, mas de um verdadeiro ato de responsabilidade coletiva. A vacinação é uma das formas mais seguras e eficazes de proteger a saúde individual e pública. Ao longo das últimas décadas, as vacinas permitiram controlar e até eliminar doenças que em tempos causaram sofrimento e morte. Graças ao Plano Nacional de Vacinação (PNV), em vigor desde 1965, gerações de portugueses cresceram mais saudáveis, com menos internamentos, sequelas e perdas evitáveis. O PNV é gratuito, acessível e constantemente atualizado com base na melhor evidência científica. Não é um privilégio — é um direito de todos.

As taxas de vacinação em Portugal são motivo de orgulho: entre 96,1% e 99,1% das crianças receberam as vacinas recomendadas, garantindo uma mortalidade infantil das mais baixas da Europa — de 77,5 em 1960 para 2,98 em 2024. Este progresso não é obra do acaso, mas sim do compromisso conjunto com a prevenção. Contudo, para que a chamada imunidade de grupo funcione, é essencial manter coberturas vacinais elevadas.

Quando a maioria da população está protegida, também o estão os mais vulneráveis: bebés, pessoas com doenças crónicas ou imunodeprimidas, que não podem ser vacinadas por motivos médicos. Esta proteção indireta só é possível quando todos fazem a sua parte. A vacinação não é uma preocupação exclusiva da infância – é um compromisso vital que deve acompanhar-nos ao longo de toda a vida. Adultos, idosos, grávidas e grupos de risco não podem negligenciar a atualização das suas vacinas, que deve ser adaptada à idade, profissão e condições de saúde. Além disso, vacinas adicionais ao Plano Nacional de Vacinação, são indispensáveis para quem viaja, vive com doenças crónicas ou está exposto a ambientes de maior risco, reforçando que a prevenção é uma responsabilidade contínua e inadiável.

A oposição às vacinas não se baseia em argumentos científicos, mas em mitos, desconfianças e medos infundados. É verdade que nenhuma intervenção médica está isenta de riscos, mas as reações graves às vacinas são extremamente raras. Já as consequências de não vacinar — hospitalizações, sequelas permanentes e mortes — são bastante reais. A gripe, por exemplo, mata milhares de pessoas todos os anos, e grande parte dessas mortes poderia ser evitada. Não há dúvida, as vacinas funcionam! São seguras, eficazes e salvam milhões de vidas todos os anos. Questioná-las sem fundamento, em nome de crenças ou desinformação, põe em risco décadas de progresso e ameaça principalmente os mais vulneráveis da nossa sociedade.

Num mundo onde a dúvida ganha cada vez mais palco, deve prevalecer o bom senso. A vacinação é uma das maiores conquistas da ciência moderna. Renunciar-lhe é abrir caminho ao retrocesso. Vacinar é mais do que um direito, é também um dever para com o presente e o futuro.

Vacinar é um ato de prevenção e de responsabilidade – consigo próprio, com a família, amigos e com toda a comunidade.

 
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