Retomar, pelo menos numa das igrejas de Braga, o antigo Rito Bracarense. Esta é uma das sugestões que o presidente da Associação Famílias de Braga, Carlos Aguiar Gomes, católico praticante, faz ao novo Arcebispo Primaz de Braga, D. José Cordeiro, que toma posse, já este sábado, na Sé Catedral. O novo bispo começa o ministério no domingo, numa missa, antecedida de procissão, em que estará o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Dizendo desejar “o melhor a bem de Portugal e da Igreja”, quer ao prelado que começa quer ao que sai, D. Jorge Ortiga, Carlos Aguiar Gomes salienta que o Rito Bracarense existe há mais de mil anos e tem caraterísticas próprias: “tal como sucede em Milão, em Toledo ou em Lyon, onde há ritos próprios, na nossa Arquidiocese poderia haver uma Igreja onde, ao domingo, se celebraria missa seguindo o Rito Bracarense, que é património da Arquidiocese.
Importa referir, a propósito, e depois de consultada a Wikipédia, que o Rito Bracarense é semelhante ao romano. “Durante a reforma litúrgica tridentina, Braga pôde manter os seus livros e ritos litúrgicos, por terem mais de duzentos anos, conforme garantiu a bula Quo Primum Tempore, de São Pio V, datada de 14 de julho de 1570; e pelo cuidado que teve nisso o Arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires; depois de alguns conflitos resultantes da tentativa de introduzir o rito romano, o bracarense foi restaurado pelo Sínodo de 1918: os novos breviário e missal, aprovados por bulas de 1919 e 1924 respetivamente, tomaram-se obrigatórios em toda a Arquidiocese em 1924”, explica a enciclopédia livre.
E acrescenta: “O rito bracarense permanece válido, mesmo depois da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, mas o seu uso tomou-se facultativo, aquando desta última reforma, em 18 de Novembro de 1971”.
Defesa da vida e cultura de cancelamento
Sobre os desafios que se colocam à igreja bracarense e à igreja em geral, Carlos Aguiar Gomes enumera dois: a luta pela defesa da vida e o combate contra a chamada “cultura de cancelamento”, ou seja, pela liberdade de expressão.
Embora sublinhe que se não atreve a dar conselhos ao novo Arcebispo, o dirigente católico defende que a Igreja deve manter-se firme no combate pela defesa da vida, quer quanto ao aborto, quer quanto à Eutanásia: “há que lutar pela criação pelo Estado de mais Unidades de Cuidados Paliativos para que ninguém se sinta obrigado a pedir para morrer, quer por ausência de apoio médico, quer psicológico ou psiquiátrico”, salienta.
Lembra que, com a nova legislatura a lei da Eutanásia voltará ao debate, pelo que entende que os católicos devem fazer-se ouvir, de forma expressiva, contra essa solução e pelo direito à vida.
Cancelar o “cancelamento”
O último assunto para que pede a atenção de D.José Cordeiro é o da chamada cultura de cancelamento, ou seja, a tendência atual que se vive, quer na comunicação social e nas redes sociais quer nas universidades, de proibir a voz de quem pensa diferente.
“A Igreja tem de entrar neste combate pela liberdade de expressão. Não se pode aceitar que haja quem queira silenciar a liberdade de outrem, só porque tem opiniões diferentes”, defende.