A Polícia Judiciária (PJ) de Braga divulgou esta noite imagens exclusivas, dentro do laboratório de cocaína que funcionava na freguesia de Gondomar, em Guimarães, onde se vê a panóplia de meios que permitia fazer 100 quilos de cocaína por semana.
Por dentro do laboratório de cocaína, a PJ de Braga confirmou em absoluto as suspeitas das suas investigações criminais, realizadas durante meses a fio, transportando-nos, através do vídeo abaixo, para um cenário mais próprio de um filme.
Uma espécie de labirinto. Nesta moradia improvisada para laboratório, que o grupo criminoso arrendou há poucos meses, numa zona erma, longe de olhares indesejados, cada divisão da casa era aproveitada para cada tarefa de transformação.
Dois dos sul-americanos passavam de manhã à noite, sete dias por semana, a transformar a pasta de coca, vinda da Colômbia, na cocaína pura, que, depois de sucessivamente traçada, chegava ao mercado de rua a dez euros a “base” (uma dose individual).
Em média, eram produzidos semanalmente mais de 100 quilos de cocaína, a partir da pasta de cocaína, oriunda por via aérea, a partir da Colômbia, faturando-se mensalmente cerca de 50 milhões de euros daquela droga dura, a maioria exportada.
Os materiais de fabrico da cocaína eram altamente inflamáveis e daí a PJ ter pedido o apoio do Comando Subregional do Ave, sediado em Fafe, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, para remover com segurança todos esses produtos.
Os Serviços de Apoio da Câmara Municipal de Guimarães também colaboraram na remoção e transporte para um local seguro das matérias-primas que permitiam transformar produto em bruto, pasta de cocaína, em cocaína pura, para consumo na Europa.
Espanha, através da vizinha Região Autonómica da Galiza, era um dos pontos de entrada da cocaína pura produzida naquele laboratório, situado numa local ermo da freguesia de Gondomar, em Guimarães, já perto dos limites com o concelho de Fafe.
Sabe-se que a grande maioria da cocaína seguia a partir de Espanha para quase toda a Europa, através de uma logística que já tinha assentado arraiais há alguns meses, em Portugal, com a intensificação do fabrico de cocaína a um ritmo cada vez maior.
Casa de recuo em Esposende
Os quatro detidos pela PJ de Braga a operar num laboratório de transformação de pasta de coca em cocaína para consumo humano tinham uma casa de recuo, no centro de Esposende, onde viviam e faziam uma vida aparentemente normal.
Segundo apurou O MINHO, são dois colombianos e dois brasileiros, com idades entre cerca de 30 e 40 anos, os suspeitos que a PJ de Braga deteve, três em flagrante delito e um com mandado de detenção.
Os quatro homens rodeavam-se de grandes cuidados e faziam manobras de contra vigilância nas suas deslocações diárias, para não serem descobertas as suas atividades de tráfico de droga e de branqueamento de capitais, através de associação criminosa.
António Gomes, diretor da PJ de Braga, e Rogério Magalhães, inspetor-chefe em coordenação da PJ de Braga, que mais diretamente liderou esta operação, explicaram esta segunda-feira os principais contornos das investigações.
Os dois responsáveis pela investigação criminal salientaram que “foi muito difícil” este trabalho, de modo a ir recolhendo informação, consecutivamente, sem ao mesmo tempo permitir que os visados se apercebessem que estavam sob a mira da PJ.