Um grupo de habitantes da freguesia de Cavez, Cabeceiras de Basto, manifestou-se outra vez esta quarta-feira junto da barragem de Daivões contra a forma como a autarquia está a gerir a verba de compensação pelos constrangimentos causados pela construção daquela infraestrutura.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Cavez, Paulo Guerra, disse que um grupo de habitantes presente na manifestação para exigir que a Câmara de Cabeceiras de Basto aplique em Cavez, “a principal freguesia que está a ser afetada” pela construção daquela barragem “e não noutras freguesias”, a verba de compensação pelos constrangimentos causados pela obra.
Segundo o autarca de Cavez, “as obras de construção da barragem impedem o uso da pista de pesca desportiva da freguesia”, tendo ficado acordado que, “em troca, a Iberdrola [concessionária da barragem] faria, no final da obra, um aumento da pista, mas chegou-se depois à conclusão que era mais benéfico para a terra aplicar a verba destinada àquele aumento, de cerca de 2,5 milhões de euros, em obras na freguesia”.
No entanto, “a câmara tem aplicado aquele dinheiro noutras freguesias prejudicando Cavez e isso é algo que a população não aceita”, acusou Paulo Guerra, justificando assim a manifestação realizada esta manhã.
Para Paulo Guerra, a posição da autarquia, que publicou no seu sítio da internet, na segunda-feira, um comunicado no qual refere que cabe ao executivo camarário decidir como aplicar a verba em questão, não corresponde à verdade.
O presidente da Junta, eleito como independente, recordou “um ofício da Iberdrola” que refere que “as verbas de compensação seriam gastas onde as obras afetassem”, e considerou que “esta é uma questão política”.
O autarca garantiu que “a luta” não ficará por aqui: “Nós queremos um acordo com a autarquia que defina que é aqui que tem que ser aplicada a verba, tudo direitinho. Vamos também reunir com os responsáveis da barragem e se for preciso vamos mesmo até Madrid [onde se situa a sede da Iberdrola]”.
A questão tem “gerado muita polémica no município”, admitiu Paulo Guerra.
Na terça-feira, os presidentes das Juntas de Abadim, Bucos, Cabeceiras de Basto, União de Freguesias de Alvite e Passos, União de Freguesias do Arco de Baúlhe e Vila Nune, União de Freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e Painzela (seis das 12 freguesias que compõem o município de Cabeceiras de Basto), condenaram a posição do colega de Cavez, defendendo a Câmara Municipal.
Em comunicado enviado à Lusa, o grupo de autarcas reconhece o mérito dos “critérios e prioridades definidas pela Câmara Municipal, nos últimos três anos, para aplicação das verbas do protocolo assinado com a Iberdrola”, salientando “compreender, aceita e defender as decisões até agora tomadas pela Câmara Municipal, que tem privilegiado neste período a freguesia de Cavez” e acusando Paulo Guerra de estar a “desinformar, usar e manipular” os seus conterrâneos.
No comunicado, os autarcas apontam exemplos de obras em Cavez para as quais se destinaram quantias dessa verba de compensação, referindo que houve um “total de investimentos de 687.578,43 euros”, desde 2016, enquanto o investimento nas restantes freguesias foi de 503.081,25 euros, aos quais acrescem 60 mil euros para aquisição de uma nova viatura – Unidade Móvel de Atendimento ao Cidadão.