O PCP considerou hoje que “é necessário” prestar “todos os esclarecimentos” e “tirar as devidas consequências” após a demissão do secretário de Estado Miguel Alves, acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação.
“Face à demissão do Secretário de Estado Miguel Alves, o PCP reafirma que é necessário que sejam prestados todos os esclarecimentos, que seja feito o apuramento e tiradas as devidas consequências”, defendeu o Grupo Parlamentar do PCP, numa curta nota enviada às redações.
O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, apresentou hoje a sua demissão ao primeiro-ministro, que foi, entretanto, aceite por António Costa e pelo Presidente da República.
“Face à acusação deduzida pelo Ministério Público, e mesmo não tendo conhecimento dos seus termos e pressupostos, entendo não estarem reunidas as condições que permitam a minha permanência no Governo”, escreveu Miguel Alves, numa carte endereçada ao primeiro-ministro.
“Agradeço a confiança depositada em mim pelo primeiro-ministro […]. Estou de consciência tranquila, absolutamente convicto da legalidade de todas as decisões que tomei ao serviço da população de Caminha e muito empenhado em defender a minha honra no local e tempo próprio da Justiça”, completou.
Sobre a acusação do Ministério Público, Miguel Alves diz que “se refere a factos ocorridos nos anos de 2015 e 2016 no exercício do mandato como presidente da Câmara Municipal de Caminha” e foi “confirmado pela senhora procuradora-geral da República”.
Nestes termos, Miguel Alves apresentou a sua demissão do cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, funções que exerce desde 16 de setembro.
Miguel Alves apresentou a demissão no dia em que foi noticiado pelo Observador que é acusado pelo Ministério Público (MP) do crime prevaricação no âmbito de uma certidão extraída da Operação Teia por atos cometidos quando era presidente da Câmara Municipal de Caminho, no distrito de Viana do Castelo. Fonte do MP confirmou à Lusa esta acusação.
O ex-autarca tomou posse em 16 de setembro como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro – cargo que António Costa optou inicialmente por não ter na orgânica deste seu terceiro executivo, constituído em 30 de março.
Miguel Alves tem estado no centro de uma polémica relacionada com ações que tomou enquanto presidente da Câmara Municipal de Caminha e também por ser arguido em dois processos judiciais.
A polémica começou quando o Público noticiou, em 26 de outubro, que Miguel Alves negociou e assinou um contrato que obrigou o município de Caminha a adiantar 300 mil euros em rendas a um empresário para a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço em Caminha, obra que ainda não começou apesar de o contrato-promessa entre o promotor e a autarquia ter sido assinado em 2020.