A Associação Empresarial do Minho manifestou esta tarde “preocupação” perante a demissão do primeiro-ministro António Costa, temendo que a credibilidade dos empresários do país seja afetada até a nível internacional, não só por causa da investigação judicial em curso ao ex-governante mas também pelo aspecto económico.
“É com preocupação que a AEMinho assiste à situação política resultante dos acontecimentos do dia de hoje. A credibilidade das instituições e dos detentores de cargos públicos é essencial para o sistema económico do país, afetando diretamente a sua conjuntura e credibilidade nacional e internacional”, realça a associação liderara pelo bracarense Ricardo Costa.
“Não somos atores da cena política, mas representamos as empresas, constituídas por empresários e trabalhadores que não podem ser prejudicados pelo cenário político agora surgido”, realça a associação.
Os empresários consideram que “num momento tão importante como que vivemos, com um quadro comunitário a iniciar, com um PRR em execução e com os necessários investimentos estratégicos a serem realizados, o país necessita de uma solução que possa, antes demais, viabilizar o funcionamento do mesmo”.
Sobre a questão judicial que o agora primeiro-ministro demissionário atravessa, a associação pretende que sejam encontradas soluções “céleres e de compromisso”, para “entendermos a verdade, a extensão e alcance dos potenciais crimes neste processo investigados”.
Mas, defende que a Economia não pode parar: “Por outro, é essencial que seja encontrada uma solução económica, de compromisso orçamental, que não estagne mais o desenvolvimento e implementação de políticas económicas em curso, que não prejudique a implementação, já tardia, dos programas associados ao Portugal 2030 ou ao PRR. Independentemente da conjuntura, o país não pode parar, não agora, não neste contexto”.
A concluir, a AEMinho apela “a todos os atores políticos que tenham na sua mente a responsabilidade que têm em cima dos ombros, o alcance das suas ações e que sejam parte de uma solução que tenha como móbil único o melhor para Portugal”.
“Acreditamos, naturalmente, que as instituições funcionarão e uma solução será encontrada. Portugal não pode esperar”, termina o comunicado.
António Costa apresentou a demissão ao fim de quase oito anos em funções como primeiro-ministro, cargo para o qual foi empossado em 26 de novembro de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Em 30 de março de 2022, quando deu posse ao XXIII Governo Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa avisou António Costa que “não será politicamente fácil” a sua substituição na chefia do Governo a meio da legislatura, dando a entender que nesse caso convocaria legislativas antecipadas.
Em 24 de janeiro deste ano, quando passaram sete anos desde a sua eleição como Presidente da República, foi mais definitivo e afirmou que, “se mudar o primeiro-ministro, há dissolução do parlamento”, referindo-se à “hipótese teórica de aparecer um outro primeiro-ministro da área do PS”.
“Porque esta maioria formou-se com um primeiro-ministro que concorreu não só como líder do partido, mas a líder do Governo. Foi muito importante, eu disse isso no discurso de posse e, portanto, estava fora de causa, quer dizer, com outro primeiro-ministro haveria dissolução do parlamento”, argumentou na altura.
Com Lusa.