A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou hoje que serão inevitáveis eleições antecipadas se o Governo continuar a “defraudar” a confiança da maioria absoluta dada pelos portugueses ao PS.
Para a líder do partido, o último ano demonstrou que o Governo socialista, após ter conseguido com a maioria absoluta um voto de confiança dos portugueses, “defraudou esse voto e não tem justificado a grande oportunidade sequer que tem de poder fazer a diferença e implementar as reformas estruturais de que o país precisa”.
“Muito provavelmente, se chegarmos ao final do ano e continuarmos a ter esta conjuntura política, mais tarde ou mais cedo vão ser inevitáveis as eleições antecipadas”, afirmou, à margem da marcha pelos direitos dos animais que se realiza hoje em Lisboa.
Questionada acerca da atualidade política nacional, a porta-voz do PAN defendeu que se não fosse a circunstância de há um ano ter havido eleições, “claramente que haveria condições para que o Governo fosse dissolvido”.
O PAN ficou reduzido a um deputado na Assembleia da República, nas mais recentes legislativas, mas a porta-voz afirmou hoje que não receia ir a eleições por entender que não irá repetir-se a “conjuntura que se verificou há um ano, em que houve um voto do medo que acabou por oscilar para o PS”.
Inês Sousa Real comentou também as declarações de sexta-feira líder do PSD, Luís Montenegro, considerando que “pecam por tardias” e que o social-democrata “não foi suficientemente claro” quando disse não querer representantes que sejam racistas, xenófobos, oportunistas ou populistas.
“Montenegro não disse de forma clara que estava a referir-se ao Chega e é fundamental que de uma vez por todas o maior partido da oposição venha dizer de forma inequívoca que não vai tolerar, nem se vai coligar com um partido antidemocrático, com um partido que claramente tem desrespeitado as próprias instituições”, afirmou.
Na entrevista à CNN Portugal, questionado sobre se estava a avisar o Chega de que não vai contar com o apoio do partido de André Ventura, Montenegro preferiu responder: “É uma maneira de avisar os portugueses para saberem com aquilo que podem contar.”
A marcha pelos direitos dos animais realizada hoje em Lisboa juntou cerca de 300 pessoas, entre o Campo Pequeno e São Bento, com os ativistas a pretenderem incluir a proteção animal na revisão da Constituição da República.
A líder do PAN salientou que a pretensão é alcançável por estarem assegurados dois terços dos votos no parlamento exigidos, porém alertou que “a revisão constitucional vai levar cerca de um ano” e que está em análise a atual lei dos maus-tratos a animais.
Inês Sousa Real espera que Portugal não assista a um retrocesso, já que, caso venha a ser declarada a inconstitucionalidade, deixa de haver uma lei penal que criminaliza os maus-tratos.
“Há uma responsabilidade que cabe aos juízes do Tribunal Constitucional, que é fazerem uma interpretação atualista da nossa Constituição. Não faz qualquer sentido que os valores que hoje estão previstos na Constituição permitam a crueldade para com os animais, maltratar um animal não pode ser constitucional”, argumentou.