Declarações após o jogo entre Tondela e Vitória SC, da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Tondela e que terminou com a vitória dos ‘vimaranenses’, por 2-0:
João Henriques (treinador do Vitória SC): “Vimos de uma derrota de 4-0 em casa e é natural que os jogadores, acima de tudo, estavam receosos de cometer erros que condicionassem a equipa, estavam com, em termos mentais, com esse peso do anterior resultado e queriam fazer as coisas bem e as coisas não estavam a sair.
O golo e a segunda parte resulta num Vitória mais desinibido, porque as coisas foram acontecendo naturalmente, com mais confiança, mais clarividência, mais fluidez, as situações foram surgindo e obviamente que os indicies de confiança vão subindo e o trabalho que tem vindo a ser feito vem ao de cima. É natural.
Costumo dizer que daqui para cima [faz o gesto do pescoço para cima] são os tais 80%. [Repete o gesto] isto é que manda tudo. Tudo o resto que está para baixo só funciona se isto estiver limpo, se as ideias forem claras, se não houver poeiras no ar, ruídos. Os jogadores acabaram por, através dos golos, soltarem aquilo tudo que estava a perturbar as suas exibições individuais e depois, naturalmente, coletiva.
Isso [o primeiro golo] fez com que a equipa conseguisse criar situações, fez um jogo fluido, jogou um futebol agradável de se ver, com qualidade, e é isso que nós queremos manter. Isto é normal acontecer em equipas com menos maturidade e nós somos uma equipa na sua globalidade muito jovem e que precisa de ir vencendo e sobre as vitórias ir construindo a confiança necessária para fazerem o que eles sabem fazer.
Conseguimos construir um resultado confortável, vitória justa, os números podiam ter sido mais expressivos depois, a demorarmos a decidir em algumas situações, mas ficamos satisfeitos com a vitória e, sobretudo, percebermos que aquilo que treinamos depois aparece.
Não ficamos totalmente satisfeitos, porque queremos um jogo todo assim, mas estamos em crescimento. De salientar que este é o meu terceiro jogo fora de casa com o Vitória [de Guimarães] e são três vitórias e zero golos sofridos e é isso que queremos continuar a fazer.
Queremos também transportar isso para os jogos em casa, que até agora não conseguimos vencer, desde que cheguei também, e é isso que vamos tentar na próxima jornada, é isso que é o nosso foco, continuar a cimentar a qualidade de jogo com vitórias, com pontos.
Já conseguimos ver o que andamos a tentar fazer: a construir uma equipa sólida, com um futebol agradável e, obviamente, com as vitórias necessárias para andarmos onde nós queremos que é no topo da tabela classificativa.
Hoje demos um passo importante para continuarmos no topo da tabela classificativa e deixámos a porta aberta para entrarmos na Taça da Liga (…) e estamos a crescer como equipa sabendo que isto é mais rápido com vitórias e dando confiança aos jogadores”.
Pako Ayestarán (treinador do Tondela): “A primeira parte foi bem conseguida, porque esperávamos e tivemos o controlo de jogo, seguimos com a bola com certa fluidez, contactámos rápido com os avançados, tivemos entradas pelos corredores laterais, tivemos cruzamentos e chegámos à grande área com três quatro jogadores.
Mas não tivemos lucidez no último passe, não tivemos a capacidade de acertar as decisões e fruto de não sermos eficazes corremos o risco de pagar e foi o que aconteceu no segundo tempo.
Acho que tivemos pressa para equilibrar um jogo que pensámos que era nosso e fruto dessa precipitação, quiçá perdemos um pouco de lucidez e a partir daí tudo mudou. Com o segundo [golo] e a expulsão já foi muito difícil, mas estou muito contente com a equipa que, inclusive com 10 jogadores não perdemos a coragem no jogo e fomos à frente.
[Sobre a titularidade pela primeira vez no campeonato do guarda redes Joel Sousa] Pedro [Trigueira] não estava totalmente recuperado e era um risco se jogasse e o plantel já demonstrou que se pode confiar em todos os jogadores e Joel [Sousa] já demonstrou que se pode confiar nele e é uma aposta no futuro também.
Neste jogo tivemos iniciativa, fomos pró-ativos e, por momentos, com uma pressão muito alta jogámos em campo contrário o que procuramos”.