Declarações após o jogo Moreirense–Sporting (0-2), da 22.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos:
– Rui Borges (treinador do Moreirense): “O golo aos três minutos condiciona tudo, quebra a nossa equipa a nível anímico e mental. Dá ânimo ao Sporting, que está num ritmo muito positivo. Isso levou a uma primeira parte de organização, de tentar bloquear o Sporting. Tínhamos de pensar mais rápido, antecipar mais rápido, porque eles estão numa dinâmica muito boa.
Disse aos meus jogadores, ao intervalo, que, no primeiro golo, eles acabam por ter alguma sorte. No segundo golo, não fomos competentes num lance em que treinamos todas as semanas. O Pote [Pedro Gonçalves] aparece numa zona em que tinha de ser marcado. Isso deixa-me chateado.
Na segunda parte, só pedia que a nossa intensidade estivesse acima do normal. O Sporting desmonta qualquer equipa ao primeiro toque, sabe onde estão os espaços e define rápido. Ou aumentávamos esses níveis ou íamos chegar sempre atrasados. Fomos mais corajosos. Ganhámos mais segundas bolas, porque fomos mais agressivos e, com bola, fomos mais dinâmicos, mais móveis. Demo-nos ao jogo, tivemos mais bola e equilibrámos o jogo. Estivemos mais à nossa imagem, mas sem criar perigo.
Jogámos contra uma grande equipa, ponto final. Podíamos ter condicionado muitas mais vezes o adversário, mas, com o primeiro golo, a malta ficou muito receosa, com muita preocupação. Não era o que queríamos, mas houve mérito do Sporting.
Tenho 25 jogadores de campo, mais três guarda-redes [a propósito da troca de Ofori por Rúben Ismael no meio-campo]. O Rúben tem entrado bem. O Ofori é como os outros, não tem mais estatuto. Sou treinador e tenho de tomar decisões. Isso só me dá mais ‘dores de cabeça’, só isso.
Um abraço ao João Neves [pela morte da mãe] e ao António Silva [pela morte do avô], por parte de todos nós. Deixo também uma palavra ao Zaidu [lateral esquerdo do FC Porto com uma lesão que o afasta do resto da época], alguém a quem estou muito ligado, que é especial para mim [foi seu jogador no Mirandela]. É um miúdo que passou por muita coisa e chegou ao sucesso”.
– Rúben Amorim (treinador do Sporting): “Sabíamos que seria um jogo muito difícil, mas toda a gente foi muito competente. Marcámos logo no início, o que nos deu tranquilidade. Tivemos uma primeira parte muito intensa. Quase não demos bolas para a transição do Moreirense, o que é muito importante frente a uma equipa dessa qualidade.
Eles esperavam um erro nosso para criarem perigo, mas não tiveram nada. Tivemos algumas saídas para o ataque em que poderíamos ter feito melhor. Não jogámos sempre na mesma velocidade, mas fomos sempre competentes. Nos primeiros 15 minutos da segunda parte, não tivemos a mesma qualidade do resto do jogo. Mas foi muito bom. Não sofremos golos e não demos oportunidade ao Moreirense.
Faltou alguma energia [na segunda parte], mas, depois, aumentámos novamente o ritmo. Nos 20 minutos finais, voltámos a ter oportunidades. O Moreirense é muito esperto a esperar, com todos os jogadores a ‘dispararem’ ao mesmo tempo. Acertámos bem as posições e fomos muito rápidos a recuperar quando perdíamos a bola.
Vai haver ‘mexidas’ para o próximo jogo [com o Young Boys, para a segunda mão do play-off da Liga Europa]. Se queremos ganhar todos os jogos, temos de fazer mexidas. Temos jogadores para isso. [O play-off] Não está feito, vai ser muito difícil. Depois, temos outra saída difícil [a Vila do Conde, para o duelo com o Rio Ave].
Não há euforia. Se houvesse euforia, os jogadores corriam muito bem com bola, mas não corriam sem ela. Os jogadores correram imenso sem bola. As pessoas devem festejar as vitórias ao máximo, mas nem em primeiro estamos. Se, daqui a uns anos, formos a equipa com mais golos marcados no campeonato, mas não tivermos títulos, ninguém se vai lembrar de nós. Ganhar títulos é que faz as grandes equipas. Ser a equipa com mais golos no fim torna-se indiferente se não ganharmos nada”.