O livro “O círculo do Bem Querer”, da professora Maria Amélia dos Santos, que hoje foi apresentado publicamente no Museu dos Biscainhos, em Braga, trata um tema “sombrio e profundamente humano: o alcoolismo”. E aborda, também, o tema da aceitação da homossexualidade.
“Os protagonistas, Margarida e Eduardo, lutam contra o demónio da dependência do álcool, que os levou por um caminho de destruição e desespero. A violência física e o sofrimento emocional afetam não só o casal, mas também os seus filhos, criando uma atmosfera de medo e tristeza”, disse a autora perante cerca de 70 pessoas que encheram o Salão Nobre.
E, prosseguindo a sua alocução, sublinhou: “No entanto, esta história – que tem raízes em Braga, em terras transmontanas e em Ovar – também é sobre esperança e redenção. É sobre a amizade, o apoio e o conselho de amigos, que se tornam uma grande ajuda no meio da tempestade emocional. O Luís e o Tó desempenham um papel crucial na jornada de cura dos personagens principais”.
E, desenrolando o novelo do romance disse, ainda, a escritora: “Conforme a trama se desenrola, somos levados à adolescência dos filhos, Marta e Manuel, que enfrentam o desafio de crescer num ambiente turbulento. Exploramos a dinâmica da família e as escolhas que eles fazem enquanto tentam quebrar o ciclo de destruição que testemunharam em casa”.
“A entrada de Gabriela na vida da Marta e da sua família foi um momento que mudou o rumo das suas vidas de maneira profunda. Gabriela, uma mulher forte e confiante, entrou na história de Marta como uma amiga. No entanto, à medida que passavam mais tempo juntas, a ligação entre elas cresceu, e o que era amizade rapidamente se transformou em amor, que transcendeu as convenções sociais e culturais”.
Aceitação da homossexualidade
Para Maria Amélia dos Santos, “o que é notável nesta história é a aceitação calorosa e madura dos protagonistas em relação à homossexualidade”.
“Encontraram a capacidade de amar incondicionalmente, mostrando que o verdadeiro amor transcende qualquer preconceito”, acrescentou.
E contou, ainda. “À medida que a trama avança, uma doença grave atinge o filho, reunindo os pais novamente, apesar da separação. Esta doença, de certa forma, torna-se um ele inesperado que reacende o ‘Círculo do bem querer’, mostrando que, mesmo nas situações mais desafiadoras, o amor e a união da família podem ser a chave da superação”.
E a concluir: “O ‘Círculo do bem querer’ é uma história de dor, sofrimento, superação e, acima de tudo, a crença de que é possível encontrar a luz ao fundo do túnel, mesmo nas situações mais sombrias”.
O livro é uma edição de autor e tem 111 páginas. A escritora é, atualmente, docente da Academia Sénior de Braga onde leciona Literatura e Cultura Geral. Como docente, com Mestrado em Educação da Universidade do Minho, deu aulas quer no ensino básico quer no superior e trabalhou na formação de professores.
Esta é a segunda obra que publica, depois de em 2021 ter escrito “Viagem pelo desconhecido. Até onde a vida nos pode levar”.