Artigo de Vânia Mesquita Machado
Pediatra e escritora. Autora do livro Microcosmos Humanos. Mãe de 3. De Braga.
Nós os humanos continuamos em negação.
Nós os humanos somos todos diferentes, e o mito urbano da existência de sósias que vivem num qualquer recanto terrestre cai por terra se comparada a essência humana.
Nós os humanos somos todos iguais fisiológica e anatomicamente, as mesmas células observadas microscopicamente, idêntico modus operandi da biologia molecular, excetuando variantes do normal, polimorfismos, mutações e patologias.
Nós os humanos somos todos mais ou menos iguais na certeza escondida da nossa unicidade, e pretensa exclusividade gerida pelo ego, na sede pelo poder e pela ganância, na noção da nossa importância pessoal, e em escala crescente, em grupo, tribo, coletividade, sociedade, civilização, no destaque do conjunto das crenças, ideologias, rituais, tradições,modos de vida.
Somos absurdamente egocêntricos, nós os humanos, que nos julgamos no núcleo do universo, que nos dissociamos e discriminamos uns aos outros velada ou publicamente, amores ou amizades desfeitas pela teimosia em ter razão, disputas entre irmãos que deixaram de se falar por ninharias, fantasias psicóticas de fundamentalistas que pela religião ou pela nação desventram outros humanos.
Nós os humanos continuamos em negação, cegos à nossa insignificância explícita na fragilidade orgânica da carne, a morte a surgir sempre como surpresa quando no fundo é a única real certeza palpável, para além do milagre da nascença.
A Terra que habitamos, nós humanos, é um ponto minúsculo no universo, um corpo celeste disperso entre satélites e cometas, entre outros planetas planetas, entre estrelas, constelações, galáxias, em rotação e translação monotonamente.
Ridiculamente focados em nós, em vez de contemplarmos a beleza que nos rodeia na natureza, de nos aculturarmos e aprendermos uns com os outros, apreciarmos as habilidades inatas ou treinadas que potencialmente possuimos em genes ou em talentos descobertos por interesses inexplicáveis que se revelam subitamente em nós, humanos, preferimos gastar a efemeridade do que somos, esbanjada entre emoçōes negativas e guerrilhas. Preferimos perder tempo a caçar pokemons inventados em vez de desfrutarmos do que existe entre nós, humanos.
Enquanto procuramos pokemons, cuscamos as notícias das dores dos humanos de outras naçoes ou continentes, nós os humanos, todos iguais e todos diferentes, continuamos na negação de sermos somente poeira cósmica.
Outros seres coabitarão certamente este universo, talvez superiores até em inteligência, e que unem esforços pela evolução da sua existência como espécies alienígenas…
Enquanto nós caçamos pokemons e nos matamos uns aos outros, psicologica ou fisicamente…
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