Dez dos doze detidos pela GNR, esta sexta-feira, em Vila Verde ficaram em prisão preventiva ao início da noite, segundo decidiu a juíza de instrução criminal da Comarca de Braga.
A magistrada judicial acolheu na íntegra a proposta da procuradora do DIAP do Ministério Público, de nada valendo as alegações dos advogados de defesa.
À porta do Palácio da Justiça de Braga o ambiente era de revolta e de choro, pois entre os presos preventivos há jovens de 18 anos e uma rapariga que trabalhava e acaba de ser enviada em prisão preventiva para o Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, segundo revelaram a O MINHO os advogados de defesa.
“Vamos agora recorrer para o Tribunal da Relação de Guimarães, a fim de tentar reparar esta profunda injustiça que ninguém, mesmo ninguém, esperava, é muito revoltante”, referiu João Ferreira Araújo, um dos advogados dos detidos.
“O Estado de Direito está de luto e eu hoje depois do que aqui vi com esta decisão judicial inqualificável, tenho vergonha de ser português”, lamentou o advogado João Araújo Silva.
O Ministério Público tinha pedido a aplicação de prisão preventiva para dez dos 12 detidos.
Segundo O MINHO apurou junto de fontes judiciais, caberá agora à juíza de instrução criminal de Braga aplicar as medidas coativas, depois de ouvidas as alegações dos advogados de defesa, já na sequência da posição do Ministério Público.
Entre os detidos está um cidadão espanhol, oriundo da Galiza, que seria fornecedor de cocaína ao grupo de portugueses, nove homens e duas mulheres, detidos esta sexta-feira pelo Comando Territorial da GNR de Braga, em diversas casas do concelho de Vila Verde.
Para além da droga e de produtos associados ao narcotráfico, a GNR estava a vigiar e a fazer já escutas telefónicas há cerca de meio ano, segundo as mesmas fontes judiciais.
Durante a manhã, o responsável pela investigação criminal da GNR de Braga, Tenente-Coronel Adriano Rocha revelou a O MINHO que “este grupo constituía já um patamar elevado, porque traficava os estupefacientes não diretamente para os consumidores de droga, mas sim por sua vez a outras pessoas que essas sim, faziam chegar a droga até ao mercado de rua, já em toda a região do Minho”.
Segundo aquele oficial superior da GNR, “a partir de Vila Verde, a droga, especialmente cocaína, era traficada depois nos distritos de Braga e de Viana do Castelo, desde o Alto Minho, da zona litoral, até ao interior, como em Melgaço e Monção, mas igualmente em Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, bem como a nível de Vieira do Minho e de Amares”.
A escolta dos doze arguidos está a cargo de militares do Destacamento de Intervenção, tendo a operação sido nas últimas horas realizada pelo Comando Territorial de Braga da Guarda Nacional Republicana.
Os advogados do processo, em coro, para além da revolta com a decisão da juíza de instrução criminal de Braga, ao “decalcar” integralmente a proposta de prisão preventiva para dez dos doze arguidos, falam em “excesso de zelo”.
O advogado João Araújo Silva referiu a O MINHO que a “GNR deu um espetáculo a exibir os arguidos” “Nunca pensei ver um sargento da GNR a algemar uma jovem de 24 anos sem quaisquer antecedentes, à frente dos pais, quando se despediam da filha que ficou em prisão preventiva, isto não se faz é no mínimo desumano”, concluiu.