O presidente executivo da EDP considerou hoje que o mecanismo ibérico que estabelece um limite ao preço do gás para produção elétrica é “redutor” e “não faz sentido numa Europa unida”.
“Há várias coisas boas que podem fazer para continuar a melhorar o mercado [de energia na União Europeia]. Acho que o mecanismo ibérico acaba por ser redutor”, defendeu Miguel Stilwell d’Andrade, em conferência de imprensa sobre o plano estratégico 2023-2026, em Londres, quando questionado sobre uma possível extensão do chamado mecanismo ibérico, nos mesmos moldes, pretendida pelo Governo.
Para a elétrica, “criar exceções não faz sentido numa Europa unida”.
“A partir do momento em que se começa a criar exceções isso começa a fragmentar a Europa, cada um vai para seu lado, cada um implementa a sua exceção, às tantas não temos Europa integrada e unida. Somos a favor de um mecanismo comum a toda a Europa”, vincou o líder da EDP.
Questionado sobre a aplicação de uma taxa sobre lucros extraordinários (‘windfall tax’), Stilwell d’Andrade disse que, “infelizmente”, a EDP já tem “uma ‘windfall tax’ há muitos anos”, referindo-se à contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE).
“Já temos um ‘windfall tax’, não precisamos de pagar outro. Entendemos que não é aplicável à EDP”, acrescentou.
Já em Espanha, porém, as empresas de energia estão a pagar uma taxa deste género, que a EDP contestou, considerando que se trata de um “agravamento discriminatório e injustificado”.
“Claro que vamos defender os nossos interesses”, garantiu a CEO da EDP Espanha, Ana Paula Marques, adiantando que a empresa prevê um impacto total entre 40 e 50 milhões de euros e que pondera avançar com uma ação judicial individual, além da contestação conjunta que já foi movida.
Para Miguel Stilwell d’Andrade, “mudar as regras a cada três meses não é bom para investimentos”, que envolvem vários milhões e vários anos também.
“Creio que tem sido um dos problemas da Europa no geral, no último ano gerou uma incerteza regulatória muito grande”, apontou o líder do grupo.
Para o presidente executivo, a Europa tem saído a perder em relação aos Estados Unidos da América (EUA), onde, considerou, o pacote de combate à inflação (Inflation Reduction Act) promove o investimento.
“A Europa tem de ir no mesmo sentido, [mas] promove mais taxas”, vincou, considerando que “não é forma de incentivar a transição energética”.