Com a impossibilidade legal de praticar a eutanásia, 14 mil animais ficarão anualmente sem destino, errando nas ruas.
“Sabemos que consequências isso terá para a saúde pública”, alertou em
Esposende Ricardo Gomes, da Associação Nacional dos Médicos Veterinários dos Municípios. Números que, vincou, resultam da variação entre animais recolhidos e encaminhados para osCentros de Recolha Oficial e adotados.
O especialista falava num seminário subordinado ao tema “Lei da proibição do abate: uma ameaça ou oportunidade?”. A iniciativa, inserida no Plano Estratégico Municipal para o Bem-Estar Animal, reuniu representantes da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, da Ordem dos Médicos Veterinários, da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municipios e pessoas a quem o tema interessa, desde logo também pertencentes a associações de defesa dos animais.
Na ocasião, o presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, defendeu a necessidade de se desenvolver “um plano abrangente a médio prazo” sobre a proteção animal, salientando que “as políticas públicas se traduzem em constrangimentos de vária ordem, sobretudo para os municípios, designadamente as que resultam do recente quadro legal”.
“Estamos a desenvolver um enorme esforço na sensibilização. É fundamental a responsabilização dos donos dos animais”. Benjamim Pereira defende uma estratégia nacional, na qual o Estado tem que comparticipar nos investimentos necessários porque as verbas agora disponibilizadas são “manifestamente insuficientes”.
Animais feridos
O autarca apontou as iniciativas desenvolvidas no âmbito do Plano
Municipal para o Bem-Estar Animal, nomeadamente o protocolo celebrado com os Bombeiros Voluntários de Fão, que envolve a recolha de animais feridos e seu transporte para as clínicas veterinárias que aderiram ao projeto, as duas praias para animais de companhia abertas ao público no verão passado, o projeto “Rafeiro: Raça com Estilo!” que promove a adoção animal, a criação de parques para os animais com equipamentos de agility, o protocolo celebrado com a Ordem dos Médicos Veterinários referente ao Cheque veterinário e, ainda, o conjunto de regulamentos em elaboração para sustentar toda esta nova abordagem ao
bem estar animal.
Meu sistematiza
No evento, Graça Mariano, subdiretora geral da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, referiu que a nova lei “vem trazer uma sistematização de competências, contemplando a criação de uma rede de Centros de Recolha Oficial de Animais (CRO)”, apontando as estratégias que a entidade promove, como a esterilização, com vários apoios
disponíveis.
A necessidade de investimento na sensibilização dos mais novos para a
problemática do abandono animal foi denominador comum no discurso dos
palestrantes, tendo Luís Macedo, diretor executivo da CIM Cávado, referido que 60% dos animais recolhidos acabam por ficar nos CRO, correspondendo a um valor global anual de 250 mil euros gastos no tratamento e alimentação dos animais só para a comunidade do Cávado.
Sónia Miranda, da Ordem dos Médicos Veterinários, apresentou o projeto
do Cheque Veterinário, instrumento que pretende criar uma rede nacional, envolvendo os municípios e médicos veterinários, assim como as associações ligadas aos animais, depositando grande esperança que seja uma forma “capaz de resolver os problemas de animais em risco”.
Holanda sem animais de rua
No encontro foram, ainda, apresentados, pela Embaixada da Holanda, o modelo que faz com que seja “oficialmente país sem animais de rua”, o projeto de promoção da qualidade de vida e bem-estar dos animais no concelho de Oeiras, o serviço veterinário no Município de Almada e o plano estratégico para o bem-estar animal, plataforma colaborativa para socorro de animais feridos de Esposende.
A este evento está associada uma “cãominhada”, a realizar domingo, dia
14 de outubro, com partida do parque situado em frente às piscinas municipais.