Kremlin declara que Kherson continua a fazer parte da Rússia apesar da retirada

Guerra

A região ucraniana de Kherson, incluindo a capital com o mesmo nome, continua a fazer parte da Rússia, apesar da retirada das tropas russas devido à contraofensiva das forças de Kyiv, declarou hoje o Kremlin (Presidência).
Kherson continua a fazer parte da Rússia apesar da retirada, diz Kremlin.

A região de Kherson “é um assunto da Federação Russa”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.

“Não pode haver mudança”, acrescentou Peskov, no primeiro comentário da Presidência russa sobre a retirada das suas forças de Kherson, que foi concluída hoje.

“Às 05h00, hora de Moscovo [02:00 em Lisboa], foi concluída a redistribuição das tropas russas para a margem esquerda do rio Dniepre”, disse o Ministério da Defesa russo, assegurando que a operação decorreu sem registo de vítimas.

A agência Ukrinform noticiou hoje, com a publicação de uma fotografia, que “patriotas ucranianos” içaram a bandeira da Ucrânia na Praça da Liberdade, no centro de Kherson, segundo a agência espanhola EFE.

As autoridades ucranianas têm apelado para a prudência por receio de que o anúncio da retirada possa ser uma estratégia para atrair as suas tropas para uma armadilha.

Sete meses depois de ter invadido a Ucrânia, a Rússia anexou Kherson (sul) em 30 de setembro, juntamente com as regiões de Zaporijia (sudeste) e as de Donetsk e Lugansk, que constituem o Donbass (leste).

A anexação das quatro regiões, que correspondem a 18 por cento do território da Ucrânia, foi considerada ilegal por Kyiv e pela generalidade da comunidade internacional.

A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

Kherson foi ocupada pelo exército russo pouco depois de ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A cidade de Kherson era mesmo a única capital regional ucraniana conquistada pelas tropas russas em quase nove meses de guerra.

Nos últimos meses, as forças ucranianas lançaram uma contraofensiva em várias zonas do país, que forçaram à retirada das tropas russas de Kherson.

A contraofensiva foi possível com o fornecimento de armamento a Kiev pelos seus aliados ocidentais, incluindo o sistema de lançamento de foguetes de alta precisão Himars.

Com as novas armas, as forças ucranianas destruíram linhas de abastecimento russas, o que terá forçado o exército de Moscovo a retirar-se de Kherson.

Peskov recusou-se a comentar a decisão dos comandantes militares sobre Kherson, um novo revés na campanha militar ordenada pelo Presidente Vladimir Putin.

O anúncio da retirada de Kherson vem juntar-se à da região de Kharkiv (nordeste), em setembro, e ao falhanço da conquista de outras regiões mais a norte, incluindo a da capital, Kiev.

A retirada é ainda mais significativa depois de Putin ter ordenado, em 21 de setembro, a mobilização de 300.000 reservistas para consolidar as linhas russas em dificuldade perante a contraofensiva ucraniana.

Putin também tinha avisado que Moscovo iria defender o que agora considera o seu território “por todos os meios”, incluindo a possibilidade de utilização de armas nucleares, por estar em causa uma ameaça à integridade territorial da Rússia, do ponto de vista russo.

 
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