Jovem de Braga selecionada para realizar filme numa universidade no Reino Unido

Estudante pede ajuda através de crowdfunding para realizar o curta-metragem

A jovem Alexandra Lopes, bracarense de 21 anos residente no Reino Unido, foi uma das 12 selecionadas para realizar um curta-metragem na Universidade de Hertfordshire. A estudante de cinema vai dirigir o filme Forever Yours com uma equipa “pelo menos 60% portuguesa”, e busca apoio financeiro. A produção vai entrar em contacto com diferentes Câmaras Municipais, buscar ajuda com empresas, mas também através de um ‘crowdfunding‘.

Alexandra está no seu último ano de curso, e para além da dissertação, submeteu a candidatura para poder realizar o filme, e foi selecionada entre cerca de 70 projetos.

“Eu tinha a ideia original, e uma amiga, a Catarina Antunes, ajudou-me a desenvolver, e ficámos muito tensas no dia que eles anunciaram os escolhidos”, disse Alexandra a O MINHO. “Depois os outros colegas vinham ter connosco a venderem-se com aquilo que queriam trabalhar”, acrescentou.

Para já, o crowdfunding arrecadou cerca de 750 euros, e precisa de quase 4.000 euros. O valor angariado até agora consegue pagar o local da gravação, uma quinta em Worcester, perto de Birmingham.

“Agora estamos a desenvolver o projeto, na fase de acabar o guião, fazer a última versão, e o professor fica sempre animado quando lê os desenvolvimentos. Estamos também no processo de arranjar os atores e o financiamento, que é o mais desafiante, temos cerca de 20 dias para conseguir”, disse.

O filme

O curta-metragem terá Alexandra como realizadora, e a sua amiga Catarina Antunes, de Leiria, como produtora. A equipa também conta com Carolina Vilaça, de Braga, Frederico Dias, da Covilhã, João Teixeira, do Porto, além do espanhol Pablo Martín e os ingleses Josh Esteban e Michael Zang.

A equipa da produção do filme. Foto: Divulgação

A história do filme passa-se à volta de um menino de 10 anos, o Noah. O seu avô faleceu um ano antes, e a sua avó não consegue ultrapassar a morte do marido, o que a torna em alguém triste e assombrada pela falta e pelo buraco de alguém com quem tinha vivido por anos.

“O menino, ao ver a avó assim, faz tudo para conseguir fazer ela sorrir outra vez. Ele faz peças de arte que o avô, que era artista em ‘part-time’, tinha ensinado, ele pinta, faz música, faz peças de arte, poemas, e a avó age como se aquilo fosse um empecilho”, antecipa Alexandra, que não conta mais para não dar ‘spoilers’.

Trajetória de Alexandra

Nascida em Braga, Alexandra viveu até aos três anos em São Victor, e depois foi para Ferreiros, onde viveu e estudou a vida toda. A jovem lembra que sempre foi criativa, mas nunca realmente estudou artes. Influenciada pelo filme Interstellar (2014), estudou ciências no ensino secundário e pretendia especializar-se em Astrofísica, com o sonho de trabalhar para a NASA.

Na altura, influenciada pelo popular cantor Ed Sheeran, já pensava em ir estudar na Inglaterra e viu cursos em Oxford e Cambridge. A estudante interessou-se por cinema quando estava a ouvir a música “Save Me”, dos BTS.

“O pessoal goza um bocado que eu gosto de K-Pop, mas a banda significa muito para mim, pois foi uma coisa que impulsionou a escolher o que estou a fazer agora. Um dia estava a ouvir esta música e comecei mesmo a imaginar um videoclipe, e pensei que até era engraçado fazer isto”, explicou Alexandra. “A partir daí eu fiquei com o bichinho e comecei a pensar mais sobre isso.

Entre a Astrofísica e o Cinema, Alexandra ainda pensou em estudar Psicologia ou Comunicação Social no Porto. Mas depois de uma palestra da Ok Students, a ideia de ir para a Inglaterra voltou com força ao pensamento da jovem, e depois de os pais concordarem, embarcou para Hertfordshire.

No entanto, veio a pandemia, e boa parte do curso, que tem a parte prática como uma das suas principais diretrizes, ficou prejudicado. Depois de dois anos fez Erasmus nos Países Baixos, onde chegou a estudar seis meses de Psicologia, o que também avalia como um complemento aos seus ensinamentos em Cinema.

“Fazer filme e arte ajuda muito a transmitir as mensagens, principalmente os filmes, que são fenómenos que chegam a muita gente, e se eu conseguir transmitir mensagens através dos meus filmes que ajudem às pessoas, como o Interstellar me ajudou a ter uma paixão durante anos, acho que vai fazer-me feliz”, disse.

“Desde pequena que consumo muita arte não apenas como uma forma de escapar da realidade, mas também como uma forma de ganhar inspiração não só para a minha arte, mas também para a vida. Então sempre foi uma área que gostei”.

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Para o futuro, as ideias são muitas. Alexandra quer explorar a área da música e aquilo que inspirou no início: os videoclips.

“Música é provavelmente a minha maior fonte de inspiração. Houve muita música que me ajudou a passar por fases difíceis. E poder trabalhar em conjunto, fazendo o que eu gosto, podendo dar uma parte visual àquilo que as pessoas estão a ouvir… Se os dois conectarem é uma experiência que eu saio do meu corpo. Se eu conseguir dar esta experiência às outras pessoas era uma realização enorme para mim”, sonha.

Mas não para por aí. Alexandra tem a pré-residência no Reino Unido até 2025, e como esteve um ano nos Países Baixos, não vai poder pedir cidadania. O plano é ficar mais dois anos em Inglaterra e ganhar experiência. Mas os sonhos a levam a pensar em viver para a Austrália algum tempo, e tirar um mestrado na Ásia, Japão ou Coreia do Sul. E, no futuro, trazer para Portugal algo que tenha aprendido.

 
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