Jorge Sousa Braga, de Vila Verde, escreveu o melhor livro de poesia em 2021

Após interregno de dez anos

O poeta, tradutor e médico obstetra Jorge Sousa Braga, natural de Cervães, Vila Verde, foi distinguido com o prémio de Melhor Livro de Poesia, nos Prémios Autores 2021, atribuídos pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

“A matéria escura e outros poemas” marcou o regresso às publicações, desde 2012 – um interregno de quase dez anos -, e logo premiado pelos pares.

“Galáxias distantes, enxames de estrelas, quasares, poemas quânticos, princípios de incerteza”, lê-se na sinopse, apontando a já característica forma do reputado poeta se debruçar sobre as questões da Ciência e, neste caso, da astronomia.

Fonte: Assírio e Alvim

Nascido em 1957 em Cervães, concluiu o curso de Medicina da Universidade do Porto em 1981 com a especialidade de Obstetrícia/Ginecologia, pode ler-se na biografia oficial do autor.

Ao jornal Expresso, contou que o “casamento com a poesia” começou em Cervães, entre Vila Verde e Barcelos, graças ao pai, alfaiate, que dizia de cor poemas de Guerra Junqueiro aos quatro filhos enquanto trabalhava. Relembrou a primeira vez que foi à cidade de Braga, ao Campo da Vinha, “cheia de árvores”.

Excerto do livro “A matéria escura e outros poemas”. Fonte: Assírio e Alvim

Aos 9 anos foi estudar para um seminário em Viana do Castelo, por ser a única forma de conseguir prosseguir os estudos naquela altura. Aos 13, regressou a Braga onde frequentou o liceu e estreou-se na poesia, tanto na escrita como nas leituras.

A nível profissional, como médico,  “tem vindo a trabalhar na consulta de casos de esterilidade/infertilidade”.

É “autor de uma vasta obra poética, tem participado também em numerosas antologias, como organizador e/ou tradutor, e tem-se dedicado à escrita de livros infantis”, pode ler-se na biografia do autor.


Jorge Sousa Braga dito por Mário Viegas. Vídeo: Arquivo RTP

Foi também distinguido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura Infantil.

Outros vencedores

Os vencedores dos Prémios Autores 2021, que visam distinguir “os mais importantes autores e obras que marcaram intensamente a vida cultural e artística portuguesa” no ano que passou, foram anunciados no sábado pela SPA, através de um comunicado divulgado no site oficial daquela organização.

Na Literatura foram ainda distinguidos “Gente acenando para alguém que foge”, de Paulo Faria, como Melhor Livro de Ficção Narrativa,  e “1.º Direito”, de Ricardo Henriques (texto) e Nicolau (ilustração), como Melhor Livro Infanto-Juvenil.

Na área do Cinema, “Ordem Moral” valeu prémios a Carlos Saboga (Melhor Argumento), Mário Barroso (Melhor Filme) e Marcello Urgeghe (Melhor Ator). Foi ainda distinguido “Listen”, que valeu a Lúcia Moniz a distinção de Melhor Atriz.

Na área do Teatro, “A Paixão Segundo São João”, com encenação de Pedro Lacerda, foi considerado o Melhor Espetáculo e valeu ainda a Pedro Lacerda o prémio de Melhor Ator.

A distinção de Melhor Atriz foi atribuída a Ana Moreira, por “Em fora de campo”, e a de Melhor Texto Português Representado a “A reconquista de Olivenza”, de Ricardo Neves Neves.

Na Música, foram premiados: “Tudo no Amor”, dos Clã, como Melhor Tema de Música Popular, “Poslúdio”, de Tiago Derriça, como Melhor Trabalho de Música Erudita, e “Vias de Extinção”, de Benjamim, como Melhor Trabalho de Música Popular.

O Prémio Autores 2021 de Melhor Coreografia, na área da Dança, foi para “Onironauta”, de Tânia Carvalho.

“Melancolia programada”, de Gabriel Abrantes, que esteve patente no MAAT, em Lisboa, arrecadou o Prémio Autores 2021 de Melhor Exposição de Artes Plásticas.

Ainda nas Artes Visuais, foram distinguidos: “Eclipse”, de António Júlio Duarte, como Melhor Trabalho de Fotografia, e “Ned Kelly”, de Pedro Silva, como Melhor Trabalho Cenográfico.

Na área da Televisão, a série da RTP “Herdeiros de Saramago”, com autoria de Carlos Vaz Marques e realização de Graça Castanheira, foi considerada o Melhor Programa de Entretenimento, e “Terra Nova”, também da RTP, com autoria de Artuir Ribeiro e Nuno Duarte e realização de Joaquim Leitão, o Melhor Programa de Ficção.

O “Jornal 2” da RTP foi distinguido com o Prémio Autores 2021 de Melhor Programa de Informação.

Nesta edição dos Prémios Autores, na categoria Melhor Programa de Rádio o vencedor foi “Radicais Livres”, da Antena 1, com Rui Pego, Jaime Nogueira Pinto e Pedro Tadeu.

Este ano, pela segunda vez, não se realiza a cerimónia de entrega dos Prémios Autores.

No entanto, “em vez da gala, realiza-se no dia 16 de novembro na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa um concerto comemorativo da vida e da obra de Paulo Carvalho, que está a comemorar seis décadas de intensa carreira musical”.

A SPA acredita que “em 2022 já haverá condições para se realizar a gala anual, que será o ponto de encontro dos autores e artistas e o momento certo para distinguir os mais importantes criadores de 2021, com obra feita e reconhecida”.

Além disso, “no próximo ano voltarão a ser atribuídos o Prémio Vida e Obra e o prémio para a melhor programação cultural autárquica”, referente ao ano de 2021.

 
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