Incêndios: Finlândia desafia Caminha a implementar produção de biomassa

Incêndios: finlândia desafia caminha a implementar produção de biomassa

A embaixadora da Finlândia em Portugal desafiou hoje o presidente da Câmara de Caminha a apostar na instalação de uma central de biomassa próxima de áreas florestais daquele concelho do Alto Minho consideradas críticas devido ao risco de incêndio.

O repto foi lançado por Tarja Laitiainen, esta manhã, durante uma visita que efetuou à aldeia de Argela, que a diplomata escolheu por estar identificada com o grau de “risco máximo” para a próxima de época de incêndios florestais.

“Escolhi Argela por saber que aqui está a ser feito um bom trabalho na prevenção dos fogos florestais. O objetivo dos meus contactos é estudar a possibilidade de se passar a utilizar os inertes recolhidos na limpeza das florestas para a produção de biomassa”, explicou a embaixadora da Finlândia.

As centrais de biomassa são fábricas de produção de eletricidade a partir da queima de resíduos orgânicos.

A Comissão Europeia aprovou em janeiro um projeto de apoio a instalação de centrais de biomassa próximas de áreas florestais consideradas críticas devido ao risco de incêndio, considerando que é compatível com as regras da concorrência.

O programa de ajuda irá decorrer durante 15 anos, com um orçamento de cerca de 320 milhões de euros, e será financiado através das tarifas de energia, segundo um comunicado da Comissão Europeia.

Hoje, em Argela, a embaixadora adiantou que a produção de biomassa se faz “há muitos anos” na Finlândia, mas com “grande evolução” nos últimos 20 anos.

“A energia fóssil é muito cara. Os municípios finlandeses têm apostado cada vez mais na produção de biomassa”, sustentou, adiantando que aquele país está “disposto” a mostrar a Portugal as “vantagens” da produção de biomassa.

O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, prometeu “avaliar” o desafio.

“Se estamos a fazer tão bom trabalho na limpeza (…), como podemos tirar partido de todos os inertes que tiramos da floresta? De facto, é algo que nos preocupa. Neste momento, o que estamos a fazer é a queimada controlada, mas estamos com muitos problemas. É um problema bom, que resulta de estarmos a fazer muita limpeza”, referiu, admitindo que o município poderia “tirar partido” dos inertes que resultam da limpeza das florestas.

O autarca socialista adiantou que, após este primeiro contacto, irá “ponderar” os “caminhos a seguir” nesta matéria.

“A Finlândia pode dar-nos a experiência, a tecnologia, a capacitação, a formação e a boa vontade da senhora embaixadora de, eventualmente, fazermos uma parceria, em conjunto, não só com o município de Caminha, mas com o país”, sustentou.

De acordo com números avançados por Miguel Alves, que é também presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo, desde o ano passado, o concelho de Caminha já limpou 200 hectares de floresta ao abrigo de uma candidatura a fundos comunitários de 500 mil euros.

“Os baldios do concelho juntam a este número (200 hectares) a limpeza de 142,54 hectares. Além disso, com o projeto do fogo controlado, já limpamos 164,84 hectares”, especificou.

Caminha foi um dos dez concelhos do país que entre novembro de 2017 e outubro de 2018 integrou um projeto-piloto de cadastro simplificado de terras.

Segundo Miguel Alves, o projeto-piloto do Sistema de Informação Cadastral Simplificada permitiu a “georreferenciação de mais de 5.000 prédios rústicos” no concelho que, em 2016, sofreu “o segundo maior incêndio do país em área ardida”.

Em 2018, o município criou ainda uma equipa de sapadores florestais e duas Equipas de Intervenção Permanente (EIP) nos quartéis de bombeiros de Caminha e Vila Praia de Âncora.

 
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