Hospital dos Bonequinhos

Vânia Mesquita Machado, colunista em O MINHO.

O sono mal disfarçado estampado nas olheiras escuras que pisam os olhos pequeninos, fruto da noite de véspera dormida aos soluços pela ansiedade do passeio, não atenua a centelha de brilho do olhar entusiasmado do grande grupo de meninos que inunda a entrada luminosa do hospital, regradamente alinhados em fila e por pares formados à saída da sala de aulas, a agitação pontual atentamente diluída sob o olhar competente das educadoras.

É dia de visita ao Hospital.

Todos trazem consigo ao colo ou pela mão um amigo especial que está doente, e nesse dia os meninos de escola põe de lado as travessuras e assumem o papel de cuidadores responsáveis, à semelhança do que habitualmente acontece com eles próprios quando adoecem e necessitam de ir ao médico levados pelos seus pais ou familiares.

Após a viagem curta e barulhenta de autocarro, tendo ficado para trás os bibes coloridos pendurados nos cabides da sala e as brincadeiras do recreio sendo interrompidas por algumas horas, meninas e meninos vão explorando ordenadamente as várias áreas da grande tenda-hospital, onde os seus bonecos são sucessivamente observados por estudantes de Medicina igualmente entusiasmados, que auscultam, fazem radiografias, vacinam e medicam os pacientes com comprimidos coloridos de faz-de-conta.

Homens-Aranha, Hulks, Tartarugas Ninja, Barbies, princesas Sofia e mesmo Doutoras – Brinquedo, todos têm o mesmo atendimento afável e caloroso nos consultórios de urgência improvisados.

Desmistifica-se a sala de operações: as máquinas que apitam intermitentemente, cheias de luzinhas verdes e vermelhas e fios compridos a serem observadas com a típica perspicácia pelos olhos exploradores das crianças ainda desconfiadas com a proximidade às batas brancas e aos objetos estranhos dos médicos, tradicionalmente bichos-papões que assombram o imaginário infantil. Afastados os receios, as perguntas curiosas brotam depois espontaneamente e bombardeiam em série os futuros doutores. Há meninos a vestir bata, com touca e máscara como os cirurgiões, há meninos que se deitam na marquesa para simular uma anestesia geral.

No final ainda há tempo para breves sessões animadas sobre a roda dos alimentos e a higiene dentária, terminando então a visita num animado lanche antes do regresso à escola.

O Hospital dos Bonequinhos é uma atividade verdadeiramente louvável, organizada pelo Hospital de Braga, o Núcleo de Estudantes de Medicina e o Núcleo de Educação Básica (NEEBUM) da Universidade do Minho a decorrer entre 3 e 6 de novembro na entrada principal do hospital, e que este ano conta com a visita de cerca de 900 crianças de 24 escolas do cencelho bracarense.

O ‘Hospital dos Bonequinhos’ funciona no Hospital de Braga, até esta sexta-feira.#MaisNotíciasdeBraga

Publicado por O Minho em Quinta-feira, 5 de Novembro de 2015

Por experiência própria, como Pediatra e mãe de duas crianças que visitaram este hospital miniatura em anos anteriores sublinho o valor de iniciativas como esta, que facilitam as sempre atribuladas visitas dos meninos ao médico, a temida ida às vacinas e simultaneamente incutem na geração futura uma atitude de responsabilidade relativamente à doença e à real necessidade de cuidados preventivos de saúde.

 
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