Hospital de Viana revê procedimentos após avisar por engano humorista de Barcelos que a avó tinha morrido

Foto: DR

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) quer que o hospital de Viana do Castelo garanta o “cumprimento de procedimentos de comunicação de óbito”, após uma “troca de identificação” na informação sobre a morte de uma idosa.

De acordo com uma deliberação à qual a Lusa teve hoje acesso, a ERS “emitiu uma instrução” à Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), que integra aquele hospital, depois de uma família ter sido erradamente informada da morte de uma doente.

A ERS diz ter tomado conhecimento que, a 11 de maio de 2023, o Hospital de Santa Luzia (Viana de Castelo) comunicou à família de uma utente “o seu falecimento” e, “horas mais tarde, já tendo a família contactado a agência funerária para dar início às cerimónias fúnebres, foi-lhe comunicado que afinal não tinha falecido e que teria existido um erro por parte da médica que contactou a família”.

Como O MINHO noticiou na altura, uma médica do Hospital de Viana ligou à família de uma idosa de Barcelos a avisar que ela tinha morrido.

O insólito foi relatado, no Instagram, pelo humorista barcelense João Filipe Costa Mendes, conhecido por John Mendes.

O humorista contou que lhe ligaram do Hospital de Viana a dizer que a avó, de 84 anos, tinha falecido.

“Pus a família toda a chorar, eu próprio vieram-me as lágrimas aos olhos, normal. Parámos a família toda, cancelei o dia de trabalho, de gravações, na funerária já estava tudo tratado”, relatava.

Vídeo: Instagram de John Mendes

No entanto, pela “hora de almoço” a mesma médica voltou a entrar em contacto: “Ligaram-me: ”Olhe é para avisar que afinal a sua avó não faleceu, foi engano, enganei-me na linha do computador'”.

Contactada por O MINHO, fonte oficial do Hospital de Viana confirmou a “situação lamentável” que aconteceu num “dia complicado” com muitas solicitações na Urgência.

Foto: Instagram de John Mendes

A mesma fonte salientou que, logo que a médica se apercebeu do lapso, uma hora depois da chamada inicial, voltou a contactar a família e “pediu desculpa” pelo sucedido.

Entretanto, face ao sucedido, o presidente do Conselho de Administração do Hospital de Viana, Francisco Ramos, mandou rever os procedimentos a serem adotados nestes casos para evitar erros deste género voltem a acontecer.

Agora, a ERS descreve que, “na sequência das diligências de averiguação encetadas […] apurou-se que a médica especialista, que tinha a seu cargo as utentes FP e AL, ‘[p]or lapso abriu o processo clínico errado tendo desta forma comunicado [o óbito] à família errada […]’; situação que espelha a fragilidade dos procedimentos instituídos na ULSAM a respeito da comunicação à família em caso de morte, designadamente ao nível da identificação inequívoca dos utentes”.

De acordo com a deliberação, tal foi “prontamente reconhecido” pela ULSAM que, “logo em 26 de maio de 2023, informou a ERS que se encontrava em curso a revisão do procedimento no SU [Serviço de Urgência] com o intuito de minimizar a hipótese de erro humano”.

Tal “veio a ser concluído em 16 de junho de 2023, tendo sido trazida ao conhecimento desta Entidade Reguladora a Instrução de Trabalho sobre Registos e Comunicação do Óbito no Serviço de Urgência”, acrescenta a ERS.

“Pese embora as medidas adotadas pela ULSAM sejam abstratamente idóneas a evitar a repetição de situações como a verificada, urge garantir o cabal cumprimento dos procedimentos de comunicação de óbito instituídos, assegurando especial cuidado, rigor e correção na identificação dos utentes e consequente fidedignidade da informação prestada aos respetivos acompanhantes”, indica a ERS.

Por isso, a ERS pede que a ULSAM assegure também, “em permanência, que os procedimentos são do conhecimento dos seus profissionais e por eles efetivamente, seguidos, logrando assim a divulgação de padrões de qualidade dos cuidados, de recomendações e de boas práticas, com vista à formação e informação dos profissionais de saúde intervenientes”.

A ERS pretende ainda que a ULSAM garanta “a adequada formação de todos os colaboradores intervenientes na operacionalização dos procedimentos, quer no momento da sua integração, quer através de ações de formação de reciclagem periódica dos conteúdos em causa, sempre que se evidenciem não conformidades no seu cumprimento”.

A ERS instruiu ainda a ULSAM a realizar auditorias internas de forma a avaliar a correta implementação dos procedimentos de comunicação de óbito.

 
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