As portas e paredes exteriores de um minimercado de produtos asiáticos localizado na cidade de Guimarães foram pichadas com símbolos, uns associados ao nazismo, como cruzes suásticas e cruzes de ferro, mas também a data 1143, que corresponde à data da independência do reino de Portugal mas é também associada a uma claque de futebol de índole nacionalista que apoia o Sporting.
Ao que O MINHO apurou junto do comando da PSP de Braga, o caso aconteceu durante a madrugada, com os agentes policiais a serem chamados ao local esta manhã. “Desconhecemos quem foi, o caso foi participado e será encaminhado, em princípio, para o Ministério Público”, disse o departamento de relações públicas da polícia.
O minimercado Al Madina, associado ao Bangladesh, vende produtos indianos e asiáticos, mas também é orientado para outras comunidades em Portugal.
Em declarações a O MINHO, o proprietário do espaço disse que encontrou tal cenário esta manhã, desconhecendo até o que representavam os símbolos. Disse-nos que se sente bem acolhido em Portugal e não sabe porque é que escolheram a loja dele para isto.
Ao contrário dos ‘vizinhos’ Índia ou Nepal, onde a religião predominante é o hinduísmo, o Bangladesh tem uma comunidade maioritariamente sunita, tida como a “versão moderada” do Islão. É o oitavo país do mundo com maior número de habitantes (150 milhões).
Este vandalismo surge numa altura em que as tensões aumentam para com a comunidade muçulmana em Portugal. O grupo de extrema-direita e índole racista “Contra a Islamização da Europa” tem preparada uma manifestação para o próximo dia 03 de fevereiro em Lisboa, no Martim Moniz, local onde há várias décadas reside população oriunda do continente asiático.
A Câmara de Lisboa já confirmou que recebeu um pedido de vários grupos, mas apenas autoriza caso a PSP também o faça. A autoridade encontra-se “a avaliar o risco”.
Sobre esta manifestação, o ministro José Luís Carneiro veio a público advertir que há no código penal uma moldura “para o discurso de ódio, o discurso de violência” – entre um e oito anos de prisão – e que é necessário agir em conformidade contra quaisquer ações que “atentem contra a Constituição”.
Com Ivo Borges.