Em causa está o policiamento estático à passagem do Grande Prémio Jornal de Notícias por Guimarães, este sábado. Os guardas da GNR queixam-se de terem sido desviados do serviço normal de patrulha e da resposta às ocorrências para garantirem a segurança à prova.
Os militares da GNR contestam, acima de tudo, a diferença de postura entre o comando da PSP e o da GNR. “Na área em que o policiamento está sob a jurisdição da PSP, a organização do Grande Prémio JN teve que pagar o policiamento e foram destacados agentes em horas extra. Nos locais onde a responsabilidade é da GNR, os guardas foram retirados do serviço normal e não houve qualquer custo para a organização da prova”, queixa-se um dos guardas envolvidos no policiamento da prova.
Segundo outro militar da GNR, as ocorrências tiveram que ir sendo desviadas de um posto para outro, à medida que a prova cruzava o território de Guimarães, uma vez que todos os militares foram envolvidos no policiamento e no corte de vias públicas”. No caso da passagem por Guimarães, foi necessário envolver tantos agentes que “o próprio SEPNA, que devia andar na floresta, em tempo de incêndios, foi colocado a fazer segurança ao ciclismo”.
Ao contrário do que acontece quando a GNR cobra o serviço às entidades organizadoras, os guardas envolvidos no policiamento ao Grande Prémio JN não receberam nenhum valor extra, uma vez que o policiamento da prova de ciclismo foi integrado nas atividades do turno regular de serviço.
Contactado por O MINHO, Paulo Pinto, coordenador para a Região Norte da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), afirma que “é uma situação lamentável, da qual já tomámos conhecimento e vamos agir em conformidade”.
Para este profissional da GNR, “não há nenhuma razão para a GNR desviar militares do serviço operacional para um evento desportivo. Quando isso acontece, como nos jogos de futebol, é feito com recurso a trabalho extra”.
Para este responsável da APG, “não é compreensível que haja dois pesos e duas medidas para duas forças com uma missão semelhante e que são tuteladas pelo mesmo ministério”. Paulo Pinto diz que é incompreensível que os próprios militares da Guarda que fazem o policiamento móvel sejam pagos com “gratificados” (o nome dado aos serviços remunerados feitos fora do horário de serviço), e que os guardas que fazem o policiamento estático não sejam tratados da mesma forma.
“Não entendemos a postura do comando da GNR. Depois de tomar conhecimento do que ocorreu, a APG já contactou o gabinete do comandante-geral, pedindo-lhe para agir em conformidade. Segunda-feira, a APG vai reportar o sucedido por escrito”, adianta Paulo Pinto.
“Sentimos que o comando nos trata como se fossemos polícias de segunda. Quem quer circo tem que pagar aos palhaços”, reclama indignado o coordenador da APG para a Região Norte.
A 30.ª edição do Grande Prémio Jornal de Notícias começou na terça-feira, 31 de agosto, e decorre até domingo, 5 de setembro, ao longo de seis etapas e um prólogo. É a derradeira prova por etapas a juntar o pelotão profissional e as equipas de clube portuguesas na temporada de 2021. A GNR destacou para o policiamento móvel, ao longo dos seis dias da prova, 20 militares, 14 dos quais são motociclistas, a que se juntam os guardas e os polícias a fazer policiamento estático ao longo das diversas localidades por onde o pelotão vai passar.