A Polícia Judiciária desativou, na segunda-feira, em Coimbra, uma base logística do grupo independentista Resistência Galega, onde apreendeu “um importante” espólio de material usado nas atividades da organização. Mas não é a primeira vez que a Resistência utiliza o território nacional: em setembro de 2006 foram descobertas 25 bombas artesanais numa casa florestal em Vieira do Minho.
Na ocasião, e em notícia elaborada pelo autor destas linhas, a Agência Lusa noticiava que a Polícia Judiciária do Porto estava a investigar eventuais ligações entre o grupo independentista “Resistência Galega” e cidadãos portugueses. Segundo uma fonte policial, além dos engenhos explosivos, a Guarda Nacional Republicana (GNR) local encontrou, na antiga casa florestal em Cantelães, alguns manuais para fabrico de bombas, escritos em português e em castelhano, bem como autocolantes do grupo independentista.
Os explosivos, que estavam prontos para serem detonados, encontravam-se no local há um mês, ou seja, desde agosto de 2006, segundo calculam as autoridades, que tentavam determinar se a casa foi ou não habitada no período antecedente.
PJ desmantela em Portugal base logística de grupo terrorista da Galiza
O achado, que foi investigado pelas Brigadas de Explosivos e de Combate ao Banditismo da PJ, foi inicialmente comunicado à GNR por um cidadão da zona, que dele teve conhecimento por vários jovens que estiveram na casa florestal.
A GNR comunicou depois a situação à Polícia Judiciária (PJ) de Braga, que entretanto transferiu a investigação para a delegação do Porto.
Uma fonte da Guardia Civil em Tui disse, na ocasião, que a atividade do grupo em Portugal era desconhecida, mas considerou “normal” o aparecimento de explosivos na casa de Vieira do Minho – a 40 quilómetros da fronteira luso-espanhola da Portela do Homem, na Serra do Gerês -, dado que “em Portugal é mais fácil adquirir explosivos do que em Espanha”.
Independência da Galiza
O grupo político “Resistência Galega”, que se manifestou pela primeira vez na Região Autónoma da Galiza, em Espanha, em 2005, defende a independência da região, não pondo de parte o uso da violência e de métodos terroristas para a atingir.
A polícia secreta espanhola, que está em contacto com a polícia portuguesa, segue, desde então, a atividade do grupo, nomeadamente após a publicação – durante a crise provocada pela maré negra do petroleiro “Prestige” – de um “Manifesto da Resistência Galega”.
O grupo reclamava, no documento, ataques feitos nos últimos anos contra instituições bancárias, bem como sabotagens e atentados, com petardos artesanais, contra obras públicas (principalmente autoestradas), camiões do Exército espanhol e sedes de partidos políticos.
Em julho de 2005, a Resistência colocou uma bomba numa caixa Multibanco em Santiago de Compostela, um ato que resultou na detenção de dois alegados membros do grupo.
Os seus membros são maioritariamente homens jovens, com idades até aos 30 anos, que reivindicam a independência da Galiza e o uso do português, falado e escrito, como língua natural.