O grupo têxtil Ricon, de Famalicão, “culpa” a Gant pelo seu “estrangulamento” financeiro, mas a administração manifesta-se “empenhada” em encontrar uma solução que viabilize a continuidade das empresas que o compõem e salvaguarde “a maioria” dos postos de trabalho.
Em comunicação enviada esta semana aos trabalhadores, e a que a Lusa teve acesso, a administração do grupo acrescenta que, para tentar manter em funcionamento as empresas que o integram, foi obrigada a apresentá-las a processos de insolvência.
A administração sublinha que já manifestou, nesses processos, “o propósito de apresentar um plano de recuperação, o que será apenas possível no caso de as negociações ainda em curso com o principal parceiro (Gant), os bancos e outros eventuais investidores se revelarem frutíferas”.
Segundo a administração, a “culpa” do estrangulamento financeiro a que chegou é da Gant, o principal cliente do grupo, desde logo por recentemente ter decidido “reduzir acentuadamente” as encomendas.
Por outro lado, e ainda segundo a administração do grupo Ricon, a Gant passou a exigir o “pagamento imediato” da totalidade da dívida vencida proveniente dos fornecimentos ao setor do retalho.
Isto provocou “uma quebra acentuada” quer na produção quer nas vendas do Ricon e um consequente “estrangulamento inultrapassável” da sua tesouraria, o que, por sua vez, “afetou a capacidade de o grupo cumprir com as suas obrigações com os seus diversos credores, nomeadamente com a banca”.
A administração refere que, apesar das negociações desenvolvidas com a banca, a Gant e eventuais novos investidores, ainda não se chegou a uma solução concreta que permita a viabilização das empresas do grupo.
As negociações vão continuar e entretanto, e até “decisão em contrário” do tribunal, credores ou administrador da insolvência, as empresas do grupo Ricon vão manter-se em atividade, embora “seja previsível” uma redução da mesma.
Uma redução que “poderá ter impacto para os colaboradores, nomeadamente de forma mais imediata no pagamento dos subsídios de natal”.