A Xunta da Galiza reclamou hoje “um verdadeiro comboio transfronteiriço, competitivo”, com paragens que sirvam empresários e trabalhadores do Alto Minho e daquela região espanhola.
“Temos de fazer um comboio verdadeiramente transfronteiriço e que seja competitivo. Que saia de Vigo, vá a Porriño, Tui, Viana do Castelo, eventualmente Ponte de Lima. Para articular bem o território da eurorregião, senão passa de comboio e não faz paragens”, indicou à Lusa Jesús Gamallo Aller, diretor-geral de Relações Exteriores e com a UE da Xunta da Galiza.
O responsável falava à Lusa em Valença, à margem da apresentação do Mercatus – Agrupamento Europeu de Interesse Económico Transfronteiriço Galiza | Norte de Portugal, composto pela Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL) e pela Câmara de Comércio de Tui.
Relativamente ao comboio Celta, criado em 2013 para ligar Porto a Vigo, Jesús Gamallo Aller referiu que “tem havido uma melhora em termos de eletrificação”.
“Mas os tempos de viagem não são os que pensávamos que iam ser”, notou.
O comboio Celta, que liga o Porto a Vigo, na Galiza, Espanha, completou 10 anos, mas a eletrificação das linhas dos dois lados da fronteira, feita com potências diferentes, impediu a substituição dos veículos ferroviários a diesel, que continuam a operar neste trajeto com duas viagens diárias em cada sentido (de manhã e ao fim da tarde).
Questionado sobre o facto de a ligação ser feita por veículos a ‘diesel’, mesmo quando a linha está eletrificada, o responsável afirmou que é “importante trabalhar nisso com os governos dos dois países”.
Sobre a necessidade de um “verdadeiro comboio transfronteiriço”, o diretor-geral assinalou ser “importante para os 14 mil trabalhadores transfronteiros” da eurorregião Norte de Portugal – Galiza.
“Têm de ter capacidade de deslocação entre uma área e a outra”, frisou.
Jesús Gamallo Aller disse que o departamento de Infraestruturas da Junta da Galiza está “a trabalhar com o governo espanhol” sobre o tema.
“É uma necessidade, não só para os trabalhadores mas também para os empresários”, sublinhou.
O responsável reivindicou também que a ligação de alta-velocidade entre Porto e Vigo seja incluída na “rede básica do corredor atlântico transfronteiriço”, com um horizonte até 2030, em vez de ter “um prazo de execução até 2040”.
Também presente na apresentação do Mercatus, o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, Manoel Batista, disse à Lusa ser “exigível que, depois de eletrificada a linha do Minho, ela seja mais operativa” e “tenha uma resposta maior para os cidadãos da corda que liga o Porto a Vigo”.
O presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, defendeu que “deve haver mais comboios entre Viana do Castelo e Vigo na linha atual”.
“Só há dois comboios por dia. Devem melhorar-se as ligações e haver mais comboios. Vai-se tentar sensibilizar a IP e REFER”, afirmou.
Com partidas diárias, o comboio Celta, que é operado pela CP em conjunto com a Renfe, iniciou a sua atividade em julho de 2013, ligando Vigo ao Porto (e vice-versa), com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.
Esta ligação veio permitir percorrer os 175 quilómetros que separam as cidades em duas horas e 15 minutos, quando anteriormente a ligação demorava mais de três horas.
A eurorregião Galiza – Norte de Portugal concentra uma população de 6,4 milhões de habitantes, segundo dados oficiais.