“Fizemos o pleno hoje”

Ricardo Sá Pinto

Declarações após o jogo Moreirense-Tondela (2-0), da 30.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol:

– Ricardo Sá Pinto (treinador do Moreirense): “Disse na antevisão que a equipa estava a precisar de materializar as oportunidades em golos e também não sofrer. Isso era importante, não só para a própria confiança da equipa, mas até pelo confronto direto.

Fizemos o pleno hoje. Entrámos fortes e pressionantes, não deixámos o Tondela jogar, criámos algum nervosismo no outro lado e fomos inteligentes. Tivemos uma atitude muito boa no plano estratégico, parando o que achávamos que era importante no adversário.

É lógico que perder o Yan [por lesão] não nos deixou satisfeitos de maneira nenhuma, mas o Derik Lacerda voltou a entrar bem e acrescentou ofensivamente num momento em que, apesar de estarmos bem, ainda não estávamos a desequilibrar como queríamos. Com isso, conseguimos chegar a um resultado importante no final da primeira parte.

Na segunda parte, com este calor e lado emocional, não poderíamos continuar tão pressionantes como queríamos e fomos obrigados a ir mudando a equipa, até porque se percebia algum cansaço. Baixámos um pouco as linhas e convidámos o Tondela a entrar, mas fechámos o espaço e só consentimos uma grande oportunidade, ao Salvador Agra.

De resto, controlámos o jogo até ao final com inteligência, agressividade e organização, espreitando sempre a hipótese de fazer outro golo. É uma vitória justa da melhor equipa.

Até há 15 dias, estávamos num momento muito negativo, mas não sou uma pessoa de desistir e as palavras de ordem diárias nesta equipa eram a superação e a resiliência. Estamos numa boa fase, mas em alerta, já que ainda não conseguimos nada. Demos um grande passo rumo ao nosso objetivo, mas ainda faltam quatro jogos muito difíceis. Sem dúvida, esta vitória dá-nos outro ânimo, que esta equipa já estava a precisar há muito.

O Rafael Martins precisava de marcar há muito tempo. Normalmente, precisava de meia oportunidade para marcar, mas estava numa fase em que até ele se ria do que estava a falhar. Importa continuar a dar-lhe confiança, até porque se trata do melhor marcador de sempre do Moreirense [na I Liga]. Já deu muito ao clube e ninguém se esquece disso.

Logicamente, o golo também foi importante para o Kevin Mirallas. Só tenho pena que não possa jogar 90 minutos, senão já nos teria ajudado mais. Foi determinante neste jogo, ao mostrar toda a sua experiência, qualidade e coragem, mentalidade ganhadora e ambição. Apesar dos 34 anos, das mais de 60 internacionalizações pela Bélgica e de ter passado por grandes clubes, continua com fome de ganhar e é gente dessa que precisamos.

Os adeptos foram fantásticos e o nosso 12.º jogador do princípio ao fim. Apoiaram esta equipa de forma extraordinária, tal como tínhamos pedido. Vieram em massa e iremos precisar de vila toda [de Moreira de Cónegos] até ao final, seja dentro ou fora de casa”.

– Nuno Campos (treinador do Tondela): “Temos de separar as águas. Há que assumir que entrámos mal na primeira parte. Penso que os nervos nos condicionaram. A partida não era decisiva, mas importante. Num cômputo geral, o jogo todo não reflete o resultado.

Estes momentos não são os mais fáceis para termos uma entrada como gostaríamos. Por vezes, os nervos acabam por nos influenciar um pouco. Na primeira parte, a equipa pareceu um pouco receosa e deveria ter dado outra resposta. Depois do intervalo, tentámos ir atrás do resultado e parecíamos uma equipa diferente do primeiro tempo.

Depois de o Moreirense marcar, ficou numa posição mais confortável no jogo e é natural que se tenha defendido como pôde, de forma a tornar a nossa equipa menos incisiva. Temos de dar a resposta ao contrário. Tivemos as nossas oportunidades. Se tivéssemos marcado um golo, entrávamos no jogo e possivelmente iríamos discuti-lo até ao final.

Há situações que não são como queremos, seja porque o adversário não nos permite, seja porque também não lidamos bem com a pressão em alguns momentos. Temos estado a fazer esse trabalho desde que chegámos, mas há que passá-lo para o campo.

[Entrada de João Pedro ao intervalo?] É um jogador talvez menos agressivo, mas mais técnico do que o Pedro Augusto. Entrou na tentativa de tornar a equipa mais acutilante e ofensiva. Mexemos em muitas situações de forma a tornar a equipa mais atacante.

Até conseguimos isso, mas não chegou para dar a volta ao resultado. Fizemos um golo que foi invalidado e tivemos uma ocasião falhada na cara do Mateus Pasinato. Perdemos uma batalha, mas continuamos numa guerra difícil, mas possível, pela manutenção.

Deixo uma palavra de apreço aos nossos adeptos. Compareceram em grande número e foram uma forte ajuda. Lamento que não lhes tenhamos dado o resultado pretendido”.

 
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