Tiago Moreira está a realizar doutoramento em Ciências do Desporto na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O projeto de doutoramento, designado “Quality Onco Life”, versa sobre a prática de exercício em doentes com cancro da mama durante a quimioterapia e para tal está a desenvolver o seu estudo em conjunto com o Serviço de Oncologia do Hospital de Guimarães.
Uma parte essencial deste projeto realiza-se nas instalações do Hospital onde são praticadas aulas de exercício físico adequado às doentes. “Vários estudos já realizados indicam que a prática de exercício físico adaptado por parte destas doentes ajuda em vários aspetos da sua recuperação, contribuindo para uma melhoria no tratamento. O exercício atua como potenciador da função aeróbia/muscular e da qualidade de vida das doentes”, refere o aluno de doutoramento.
“A nossa recolha de dados já está a finalizar e já temos resultados com consistência. Apesar de ainda nos faltarem os resultados de alguns exames médicos, podemos já destacar que observamos a manutenção da mobilidade e funcionalidade do ombro em mulheres mastectomizadas, o aumento da funcionalidade física e a menor sensação de fadiga física e psicológica, quando comparadas ao grupo controlo”, acrescenta Tiago Moreira.
O projeto tem “vindo a superar as expectativas” e diferencia-se pela prática de exercício a baixo custo e com recurso a poucos materiais, “de forma a que este possa ser implementado em meio hospitalar sem que os mesmos tenham que fazer grandes investimentos”. No caso, está a ser testado um tipo de treino que combina o treino aeróbio e o treino de força em isometria.
A médica oncologista do Hospital de Guimarães que está a acompanhar este estudo ao nível clínico, Alexandra Teixeira, refere que “durante muito tempo e de forma empírica era estimulado repouso aos doentes oncológicos, dada a sensação de fadiga e cansaço fácil, decorrentes da doença ou dos tratamentos realizados, como a quimioterapia. Mais recentemente foi demonstrado que a prática de exercício físico tem um impacto positivo a nível cardiovascular, reduzindo possível toxicidade decorrente dos tratamentos, bem como pela melhoria da qualidade de vida durante e após os mesmos. De uma maneira geral, o exercício físico adaptado à condição clínica de cada doente proporciona um bem-estar físico e psíquico, o que permite uma maior tolerância aos tratamentos e prognóstico melhorado”.
A participação das doentes é voluntária e implica a realização de exercício físico duas vezes por semana, durante cerca de uma hora, nas instalações do Hospital.