O ex-militar acusado de ameaçar de morte Marcelo Rebelo de Sousa, justificou a sua atitude a dizer que estava sob fortes efeitos de uma medicação.
Marco Aragão disse, durante arranque do julgamento no Juízo Central Criminal de Lisboa, que sofre de uma perturbação esquizoafetiva – caracterizada como uma combinação dos sintomas psicóticos da esquizofrenia e os estados extremos da bipolaridade.
Por causa da perturbação, com os remédios, e na sequência de uma animosidade com um primo, colocou os dados deste na carta que enviou ao Presidente da República.
“Essa frase fez-me despistar. Sentei-me nesse mesmo dia ao computador e escrevi uma carta a ameaçar o Presidente da República a exigir uma quantia astronómica. Coloquei os dados do meu primo Valter, tudo isto no sentido de prejudicar o meu primo Valter, para que ele tivesse problemas com a justiça”, disse: “Deveu-se a uma animosidade contra o meu primo Valter, espoletada por um desequilíbrio da minha medicação”.
Marco Aragão disse ainda que nunca quis prejudicar o Presidente da República, e também não queria extorquir dinheiro.
O acusado disse que a causa da discussão foi porque o primo ameação de fazer queixa à Polícia Judiciária de que este seria traficante de armas.
O Ministério Público (MP) acusou em agosto o arguido dos crimes de coação agravada na forma tentada, extorsão agravada na forma tentada, detenção de arma proibida, acesso indevido e desvio de dados, considerando que Marco Aragão devia “ser declarado inimputável, por anomalia psíquica grave, e sujeito à medida de segurança de internamento”.
As ameaças de morte a Marcelo Rebelo de Sousa surgiram em outubro, numa carta enviada para a Casa Civil da Presidência em que alegadamente era exigido o pagamento de um milhão de euros para não matar o chefe de Estado – com indicação da conta bancária para onde deveria ser feita a transferência do dinheiro – e que incluía ainda uma bala.