A votação para o Parlamento Europeu que decorre desde as 08:00 em Portugal registou, até às 12:00, uma afluência às urnas de 11,56%, numa manhã calma, apesar do protesto numa freguesia de Montalegre, distrito de Vila Real.
A percentagem de afluência deste ano é inferior à das últimas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas em 2014, que, à mesma hora, se cifrava em 12,14%.
Os líderes políticos e partidários apelaram ao voto dos portugueses, que hoje elegem os 21 deputados nacionais para o Parlamento Europeu, enquanto o presidente da República, que já havia apelado ao voto, mostrou-se ao final da manhã “muito preocupado” com os níveis de participação nestas eleições europeias, admitindo ser uma “péssima notícia” se as taxas de votação ficarem entre os 20 e os 25 por cento.
“Penso que [os portugueses] devem fazer um esforço [para votar] porque, como eu disse, seria realmente uma péssima notícia chegar a números de votação na ordem dos 20 a 25 por cento”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, após votar em Molares, Celorico e Basto, no distrito de Braga.
O secretário-geral do PS e também primeiro-ministro, António Costa, apelou aos portugueses para “não desaproveitarem” a oportunidade de votar nestas eleições europeias e que “participem o mais possível”, considerando que é “o único momento” em que os cidadãos são todos iguais.
“Eu acho que todos partilhamos o apelo do senhor Presidente da República de que é essencial participar nestas eleições, este é mesmo o único momento onde somos todos iguais no exercício do poder”, sublinhou Costa, depois de votar na manhã de hoje numa escola da freguesia de Benfica, em Lisboa.
O líder do PSD, Rui Rio, defendeu, por seu lado, que se os níveis de abstenção em Portugal forem idênticos aos das anteriores eleições Europeias isso representa “uma derrota para todos” e “também não é uma vitória para quem não vota”.
“O que mais desejo é que os níveis de abstenção baixem um bocado. Não podemos aspirar a que venha para níveis muito baixos mas, se tiverem os níveis que tiveram da outra vez, perto disso ou mais, é uma derrota para todos e também não é uma vitória para quem não vota”, vincou Rui Rio, no fim de votar na junta de freguesia de Massarelos, no Porto.
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que votou na escola secundária de Miraflores, Algés, Oeiras, apelou também às pessoas para usarem este “dia maravilhoso para votar” nas eleições europeias. Assunção Cristas admitiu que as europeias são “difíceis”, geralmente com elevada abstenção, mas que está um “dia maravilhoso para votar”.
Já o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, destacou que a solução para combater a abstenção nas eleições europeias “é participar”, em particular, os jovens, porque no exercício de voto “também se constrói o futuro”.
Jerónimo de Sousa, que exerceu o seu direito de voto no Grupo Desportivo de Pirescoxe, em Santa Iria da Azóia, no concelho de Loures, salientou também a necessidade de os jovens combaterem a abstenção, tomando “nas suas mãos o destino”, uma vez que através do voto “também se constrói o futuro”.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, apelou igualmente à participação nestas eleições europeias porque é importante usar o poder do voto, avisando que “deixar a uma pequena minoria as decisões sobre a vida coletiva é um erro”.
Catarina Martins votou hoje de manhã na Escola Secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, tendo chegado pontualmente às 10:00 e votado de imediato, uma vez que não havia qualquer fila na mesa 19.
Quanto ao líder do PAN, André Silva, que votou numa escola secundária nos Olivais, em Lisboa, apelou aos portugueses para que “cumpram o seu dever cívico” e não deixem que “os outros possam escolher por si” nas eleições europeias.
Em declarações à agência Lusa, depois de votar, o líder do partido e único deputado ao parlamento português eleito pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN) disse esperar que a abstenção seja “o mais reduzida possível”, pelo menos “mais reduzida do que há cinco anos”.
Quanto aos cabeças de lista dos principais partidos, que votaram todos durante a manhã de hoje, os mesmos apelaram igualmente ao voto dos portugueses.
Dezenas de populares de Morgade, concelho de Montalegre, estão hoje a fazer um “voto de protesto” contra a instalação de uma mina de lítio a céu aberto nesta freguesia, recusando-se a votar nas eleições europeias.
“Estamos a fazer um voto de protesto, ou seja, recusamos votar porque não concordamos com aquilo que o nosso Governo está a fazer com a nossa terra. Se é este tipo de desenvolvimento que eles querem para o Interior, nós não concordamos”, afirmou à agência Lusa Armando Pinto, porta-voz da Associação Montalegre Com Vida.
Cerca de 10,7 milhões de eleitores são hoje chamados a eleger os 21 deputados portugueses ao Parlamento Europeu, numas eleições a que concorrem 17 listas.
Votam para as eleições ao Parlamento Europeu cerca de 400 milhões de cidadãos dos 28 países da União Europeia, que elegem, no total, 751 deputados.