O XVI Fórum Nacional de Apicultura, que vai decorrer entre sexta-feira e domingo, com a presença de mais de 400 especialistas e de instituições de ensino superior, portugueses e espanholas, “esgotou” a capacidade hoteleira de Vila Nova de Cerveira.
Segundo avançou esta quinta-feira a organização, a cargo da Federação Portuguesa de Apicultores de Portugal, em parceria com a Associação Apícola Entre Minho e Lima (APIMIL), o encontro “está a ter enorme recetividade nacional e internacional”.
Em comunicado, a organização estima “uma presença superior a 400 participantes, sendo que o período de inscrições está a decorrer até sexta-feira, com impacto nas unidades hoteleiras daquele concelho, “que se encontram com ocupação esgotada para os dias do certame, o que revela o interesse neste setor, e o seu potencial na região”.
Também os ‘stands’, a instalar no Fórum Cultural daquela vila, estão “totalmente preenchidos” por “mais de 70 expositores de várias regiões do país, da Galiza e de outros países europeus como França, Dinamarca, Bélgica, que vão apresentar produtos, materiais e tecnologias, agregando a tradição e as últimas tendências da apicultura”.
“Ao longo de três dias, Vila Nova de Cerveira será a capital não só do mel, onde vai ser possível conhecer e contactar com as suas potencialidades nos domínios da cosmética, botânica, farmacêutica e gastronomia”, garantiu a organização naquela nota.
Anteriormente, o presidente da APIMIL, Alberto Dias, avançou que, entre outros temas, o encontro vai servir para analisar as causas da redução, em cerca de 50%, da produção de mel afetada pela expansão da vespa asiática.
O responsável disse que a expansão daquela espécie veio “sobrecarregar as preocupações” dos apicultores a braços com outros problemas que ameaçam a produção de mel.
Dados da APIMIL indicam que cada ninho pode albergar até 2.000 vespas e 150 fundadoras de novas colónias, que no ano seguinte poderão vir a criar pelo menos seis novos ninhos.
A espécie, “mais agressiva”, faz com que as abelhas não saiam para procurar alimento por estarem sob ataque, enfraquecendo as colmeias, que acabam por morrer colocando em causa a produção de mel.
Esta espécie predadora foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004.
Os primeiros indícios da sua presença em Portugal surgiram em 2011, mas a situação só se agravou a partir no final do ano seguinte.
De acordo com Alberto Dias, as 14.000 colmeias existentes no distrito de Viana do Castelo, exploradas por cerca de 340 apicultores, registaram este ano uma quebra na produção “da ordem dos 50%”.
“Num ano normal, a produção de mel pode ser superior às 200 mil toneladas. Este ano, foi muito fraco no Alto Minho, com uma produção de cerca de 100 a 120 mil toneladas”, explicou.
Segundo Alberto Dias o problema estende-se a vizinha Espanha, adiantando que os apicultores galegos “sofreram perdas significativas”, com cerca de “60 a 70% na produção de mel”.
Entre as novidades do encontro, que tem o apoio da Câmara local, encontram-se “a cerveja com mel, um produto único pela sua leveza e sabor, materiais inovadores criados para a apicultura, desde linhas de extração de última geração a nível mundial, a sistemas de gestão de colmeia e centrais meleiras com programas de fácil execução”.