Este fim de semana prepara-se para albergar mais um momento de neve pelas terras altas dos distritos de Braga e de Viana do Castelo, havendo já um aviso laranja preparado para arrancar depois da meia-noite. É o quarto fim de semana com neve desde 10 de fevereiro.
O MINHO ouviu Patrícia Marques, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera sobre este dado, ao que a especialista considerou que “deveria ser o normal” para esta altura do ano.
“Não estamos habituados a ter tantos episódios de neve, mas é o normal para a época. Lembro-me que no ano passado choveu muito em dezembro, mas em janeiro não, por isso não houve grande neve. Este ano, como está a ser mais chuvoso, e logo nesta altura do ano em que as temperaturas são mais baixas, há queda de neve, até fora do tempo em que seria esperado”, como no caso de fevereiro, em que houve temperaturas mais elevadas.
“Agora estamos ao contrário, com muita chuva, temperatura abaixo do normal em alguns sítios a consequente queda de neve”, esclareceu a meteorologista.
Acumulação de 30 centímetros para o PNPG
Patrícia Marques deu conta do agravamento do aviso meteorológico por causa da neve já a partir da meia-noite e até ao meio-dia de sexta-feira. “
“Já se encontra ativo o aviso amarelo, mas espera-se um agravamento a partir do final da tarde de hoje, por isso o aviso passará a laranja quando começa a nevar a cotas mais baixas”, adiantou, prevendo que a neve “pode cair por volta dos 600 a 700 metros de altitude, e por isso há maior acumulação”.
“Espera-se grande quantidade de precipitação desta noite para amanhã, e novamente no final da tarde de amanhã, dia 08, por isso os avisos agravados”.
Patrícia Marques diz que no final do episódio, no dia 10 (domingo), o acumulado de neve seja até 30 centímetros nas zonas mais altas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Como O MINHO noticiou, a neve já cai de forma bastante intensa na zona da Gavieira, em Arcos de Valdevez, desde meados da tarde de hoje. Em Montalegre e Pitões das Júnias também há registo de neve que vai acumulando.
Quarto fim de semana em 30 dias a nevar no Minho
A primeira queda de neve consistente ocorreu no dia 04 de janeiro, mas o resto do mês acabou por ser parco em fenómenos meteorológicos nesse sentido, pelo menos nos distritos de Braga e de Viana do Castelo, ao contrário do que tem acontecido no mês de fevereiro e, agora, parece querer continuar em março.
No dia 10 de fevereiro, um sábado, começou a cair neve em vários pontos do Parque Nacional da Peneda Gerês, incluíndo em algumas das serras em território do Minho, como é o caso de Gavieira, em Arcos de Valdevez, onde o manto branco se estendeu acima dos 1.000 metros de altitude. Dois dias antes, uma quinta-feira, as temperaturas atingiram os 23.º em diversos concelhos do Minho, incluíndo onde nevaria apenas dois dias depois.
No fim de semana seguinte a neve deu tréguas e as temperaturas voltaram a subir para valores de primavera (a lembrar o verão), registando-se mesmo uma anomalia durante a semana (com pico a 14, Dia dos Namorados) que deixou Famalicão como o concelho mais quente do país (24.º).
Mas a neve regressou na sexta-feira seguinte, dia 23, levando à limpeza das estradas nos pontos mais altos do concelho de Arcos de Valdevez, como deu conta O MINHO.
Houve queda de neve durante a madrugada de sábado, acima dos 800 metros, com acumulação acima de 1000 metros, mas acabou por dissipar-se durante o dia com a subida anómala da temperatura.
No último fim de semana também nevou a cotas mais baixas que o habitual, com o Santuário da Peneda a ficar coberto de branco. Melgaço, Monção e o Parque Nacional da Peneda-Gerês viram neve nos pontos mais altos.
A partir de amanhã regista-se novo episódio com acumulação, o quarto em apenas cinco fins de semana.
Análise climática de fevereiro pelo MeteoFreixo
No relatório climático do mês de fevereiro da região Minho do Centro de Estudos Climáticos do MeteoFreixo, em Ponte de Lima, fevereiro está indicado como “mais quente (+ 2,5ºC) e chuvoso (+ 98%)” que a sua normal.
Segundo José Luís Fernandes e Diana Viana, a “temperatura média deste mês foi por muitos dias acima dos 15ºC, bastante acima da normal (9,9ºC) e apenas 6 dias foram mais frescos”.
“Estas temperaturas elevadas para a época têm antecipado a floração, no entanto o acentuado arrefecimento da última semana ameaçava o sucesso produtivo de alguma fruticultura”.
O centro de estudos climáticos salienta que o dia 14 “registou uma incrível temperatura média de 18ºC (desvio 8ºC em relação à normal) e cuja máxima chegou aos 24ºC”.
E relembra que “os primeiros dias de fevereiro tinham sido anormalmente amenos, dando sequência à onda de calor já relatada, vinda da 4.ª semana de janeiro e que durou 11 dias na nossa região”.
“De acordo com a tabela comparativa dos meses homólogos de fevereiro, o mês de 2024 foi o mais elevado dos últimos 7 anos com 12,4ºC. Outra conclusão importante é a tendência do mês de fevereiro estar sucessivamente com temperaturas 2 ou + ºC acima da média. No período em análise 2018-24, esta tendência verificou-se em todos os anos, exceto 2018”, considera o clube.
Fevereiro muito chuvoso
Relativamente à precipitação, o mês de fevereiro foi bastante chuvoso com 240 mm, dando sequência aos meses anteriores (também bastante pluviosos), explicam os elementos do clube de meteorologia sediado em Freixo, Ponte de Lima.
“Apesar da primeira semana praticamente seca, fevereiro teve um regime de pluviosidade bastante regular, o que permitiu uma boa infiltração das águas e contribuir num maior encaixe hídrico dos lençóis freáticos e das nascentes”, consideraram.
Falando num “regime suave” de precipitação, é explicado que o mesmo “também contribuiu para uma menor torrencialidade e maior conservação dos solos”, registando-se “apenas os dias 8 (com quase 50 mm) e 9” que “provocaram alguns constrangimentos rodoviários e deslizamentos de terras pontuais”.
Anomalia termopluviométrica de janeiro e fevereiro (Região Minho)
Segundo o MeteoFreixo, o ano de 2024 começou com dois meses bastante amenos (desvios térmicos acima do 2ºC) e chuvosos.
“Aliás, o desvio termopluviométrico de fevereiro foi ainda mais acentuado que janeiro. Neste momento preocupa-nos a sucessão de meses com temperaturas bastante elevadas para a época, quer pela sua frequência como também pela intensidade com desvios muito significativos”, conclui o centro de estudos climáticos.