Diretor-geral da OMS visita zonas rebeldes afetadas pelo sismo na Síria e apela à ajuda

Terramoto
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O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou hoje à comunidade internacional para se mobilizar em favor do noroeste da Síria, ao visitar as áreas controladas por forças rebeldes afetadas pelo sismo de 06 de fevereiro passado.

Segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), Tedros Adhanom Ghebreyesus visitou três hospitais e um centro de acolhimento para sobreviventes perto da fronteira com a Turquia, após ter atravessado a fronteira em Baba al-Hawa.

Segundo os dados mais recentes, embora os números possam não refletir a verdadeira dimensão do sismo, estão contabilizados mais de 50.000 mortos na Síria e na Turquia, dos quais cerca de 6.000 em território sírio, palco de uma guerra civil há mais de uma década.

Desde o início da guerra, em 2011, Tedros Adhanom Ghebreyesus é o primeiro alto responsável da ONU a visitar as áreas controladas pelos rebeldes no noroeste da Síria, onde o sismo provocou 4.537 mortes.

Em 06 de fevereiro, um sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu fortemente o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria. Foi seguido de várias réplicas, umas das quais de magnitude 7,5.

Numa conferência de imprensa, o diretor-geral da OMS sublinhou que o sismo veio “aumentar o sofrimento inimaginável das pessoas que tanto sofreram durante 12 anos”, destacando “o colapso económico, a guerra, a pandemia de covid-19 e a atual epidemia de cólera”.

“O povo da Síria precisa da ajuda da comunidade internacional para sair da crise e reconstruir” a região, acrescentou, apelando à mobilização da comunidade internacional, governos, filantropos e a pessoas a título individual.

“Mesmo antes do terramoto, as necessidades aumentavam enquanto a ajuda internacional diminuía. Não se pode voltar as costas ao povo sírio”, frisou o representante.

As equipas de busca e salvamento e ativistas locais lançaram duras críticas à lentidão da chegada de ajuda internacional às áreas controladas pelos rebeldes que, segundo frisaram, “demorou vários dias”, enquanto aviões com apoio humanitário voaram para áreas sob controlo do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

Segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), desde o sismo, mais de 420 camiões carregados com ajuda humanitária entraram no noroeste da Síria por três pontos de passagem de fronteira com a Turquia.

Na quarta-feira, um novo comboio de ajuda entrou pelo posto fronteiriço de Bab al-Salama, segundo relatou um correspondente da AFP.

Em contraste, 258 aviões com ajuda humanitária, incluindo 129 dos Emirados Árabes Unidos, aterraram em aeroportos situados nas áreas controladas pelo regime de Damasco, disse Souleiman Khalil, funcionário do Ministério dos Transportes sírio, em declarações à AFP.

Em 12 de fevereiro, o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, que visitou o lado turco da passagem de Bab al-Hawa, reconheceu que a organização internacional falhou com o povo do noroeste da Síria.

Em meados de fevereiro, a ONU lançou um apelo de emergência para doações de 397 milhões de dólares (372 milhões de euros) para ajudar as populações afetadas pelo terramoto na Síria. A maior parte da ajuda da ONU ao noroeste passa pelo posto fronteiriço de Bab al-Hawa.

O ponto de passagem está localizado na província de Idlib, que os funcionários da ONU raramente visitam e que é parcialmente controlada pelo grupo ‘jihadista’ Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o antigo ramo sírio da rede Al-Qaida.

Após o sismo, em 11 de fevereiro, o diretor-geral da OMS foi à cidade de Alepo (norte), controlada pelo governo sírio, naquela que foi a primeira viagem de um alto funcionário da ONU à Síria após a tragédia.

No dia seguinte, Tedros Adhanom Ghebreyesus encontrou-se com o Presidente sírio, Bashar al-Assad, que concordou em permitir que a ONU abrisse mais duas passagens de fronteira para ajudar a fornecer mais ajuda.

A guerra civil minou a maior parte das infraestruturas de saúde na Síria, especialmente nas áreas rebeldes.

As áreas controladas por forças rebeldes no norte da Síria abrigam mais de quatro milhões de pessoas, cerca de metade das quais estão deslocadas e quase 90% dependente de ajuda humanitária.

 
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