Ao abrigo da Lei de Imprensa, é publicado o Direito de Resposta das duas clientes envolvidas na situação que levou à notícia “Você já fala português?”. Associação denuncia xenofobia em restaurante de Guimarães”, publicada em 18 de agosto de 2022.
Declaramos que a notícia não corresponde à verdade. É incoerente para quem a lê com atenção e as únicas partes verdadeiras são o restaurante referido, o dia da ocorrência, a hora e o prato pedido.
Entrámos, perguntámos se era possível jantar e foi-nos indicada uma mesa bem próxima da porta de entrada. A “indignação e ultraje” não aconteceu em momento algum; limitámo-nos a pedir a ementa e a referir que pretendíamos fazer uma refeição ligeira. Na posse de uma ementa extensa – no que concerne a “Tapas” – pedimos uma sugestão à D. Elisa e constatámos que falava português do Brasil, demonstrando simpaticamente que não seria impeditivo de entendimento, pois o sotaque do Brasil já entrou no quotidiano dos portugueses, dada a quantidade de brasileiros a viverem atualmente em Portugal.
Não houve qualquer conversa sobre a nacionalidade do cozinheiro e a referência a “gargalhadas e troça” seria, por si só, motivo para nem sequer sugerir as “ameijoas à Bolhão pato” como aconteceu. Era absolutamente incoerente alguém servir clientes que se riem na cara de quem está a servir! Relatar que uma das senhoras pediu que falasse inglês é outro acrescento ilógico a tudo o que foi dizendo, pois já acima se percebeu que o português do Brasil é bem compreendido por portugueses.
Caberá na cabeça de alguém que quem se senta à mesa de um restaurante quer saber como se confecionam todos os pratos da ementa? Atente-se ao ridículo a que chegou a D. Elisa no seu relato exagerado e falso deste momento!
Foram servidas as bebidas e, pouco depois, o prato pedido. Comemos, gostámos e decidimos chamar a D. Elisa para pedir outro prato, o de “chouriço”. A D. Elisa interpretou tudo de forma deturpada e afirmou que não serviria mais nada na mesa, que éramos racistas, que pagássemos a conta e que saíssemos. Ficámos estupefactas! Não queríamos acreditar no que estava a acontecer. Foi aí que nos insultou, com voz baixa, afirmando que a tínhamos discriminado e tratado de forma racista desde que entrámos. A estupefação só nos permitiu dizer-lhe que estava a interpretar tudo mal, que era impossível termos atitudes racistas, pois éramos professoras em escolas públicas e nunca poderíamos ter atitudes ou comportamentos racistas, considerando a diversidade de origens existentes atualmente nas escolas públicas portuguesas.
Aliás, como se pode compreender, só no final deste episódio lamentável, a D. Elisa e o seu marido ficaram a saber a profissão que exercíamos. De tão atónitas que ficámos, pagámos, quisemos fatura com NIF e saímos. Só lamentamos não ter esperado que chamassem a polícia, pois desta forma talvez fosse possível esclarecer o que não quiseram clarificar e especialmente mostrar a falsidade da afirmação da D. Elisa, quando refere que uma das senhoras estava “alcoolizada”. Como é possível um panaché deixar alguém alcoolizado? Ou quererá dar veracidade à sua história e fazer crer que uma de nós entrou no restaurante alcoolizada? É falso. Estávamos bem, tranquilas, depois de uma tarde passada na parte histórica de Guimarães, e nada nos fazia prever tal desfecho.
A Associação Vimaranense de Hotelaria deveria ter lido e interpretado, com mais atenção, o relato da D. Elisa para concluir que o que é “Intolerável no século XXI” é acreditarem em histórias absurdas, derivadas ou não de complexos de inferioridade ou superioridade de alguns estrangeiros acolhidos em Portugal. De lamentar não ouvirem as duas partes envolvidas e pedirem para publicar notícias que, além de sensacionalistas, nada mais resta.
Temos a consciência tranquila e sabemos que esta atitude pretende apenas desvalorizar a nossa avaliação negativa realizada no TripAdvisor. Aliás, o proprietário do restaurante apresenta uma conduta curiosa nesta plataforma: nunca agradece as avaliações positivas, no entanto, procura sempre rebater as negativas com argumentos pouco válidos, a nosso ver. No nosso caso, a sua indignação e falta de tolerância a opiniões negativas foi demonstrada através de um texto escrito em maiúsculas, o que revela desconhecimento de que isso é literalmente gritar na Internet.
Em resposta à notícia (18/08/2022):
“Você já fala português?”. Associação denuncia xenofobia em restaurante de Guimarães