Detido por tráfico de armas em Braga paga 100 mil euros para sair em liberdade

Crime organizado
Foto: O MINHO

O ex-marido da candidata do partido Chega à presidência da Câmara de Braga, detido na quarta-feira por suspeitas de tráfico de armamento, foi libertado mediante caução de 100 mil euros, estando obrigado à permanência na freguesia onde reside e a apresentação periódica na esquadra da PSP.

Luís Lopes (“Simpson) é suspeito de utilizar jovens de uma minoria étnica da cidade a fim de facilitar tráfico nas transações de armamento e de munições, utilizadas no mercado negro para prática de crimes violentos, segundo apurou a Secção Regional de Combate ao Banditismo e Terrorismo, da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, bem como pelo Ministério Público/DIAP Regional do Norte.

“Simpson” terá que se apresentar, diariamente, no posto policial da sua área de residência, para além de estar proibido de contactar por qualquer meio outros arguidos – sob pena de perder imediatamente esta avultada caução carcerária – não podendo sair da sua freguesia, a não ser por motivos de saúde, situação a que foi sensível o juiz de instrução criminal, que o proibiu ainda de utilizar qualquer tipo de armamento.

Armas apreendidas. Foto: O MINHO
Armas apreendidas. Foto: O MINHO

A mesma medida de coação foi também aplicada a Carlos Osório, irmão do atual marido de Eugénia Santos.

Os dois são suspeitos de liderarem a maior rede de traficantes de armas de guerra de que há memória na região do Minho, organização criminosa desmantelada já a meio desta semana, por operacionais da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e ao Banditismo, a unidade de elite da Polícia Judiciária no Norte, além do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Vila Real.

Sabe-se agora de fontes seguras que por vigilâncias e seguimentos diretos, bem como por escutas telefónicas, terá chegado a haver situações em que os jovens da minoria étnica foram instrumentalizados, inclusivamente para obrigarem os interessados mais renitentes para a compra de armas de fogo, mesmo contra a sua vontade, sendo que, entre o armamento que a Polícia Judiciária apreendeu, há várias caçadeiras de canos serrados, que só servem para a prática de roubos violentos, escasseando armas para simples caça e atividades venatórias.

Armas apreendidas. Foto: O MINHO
Armas apreendidas. Foto: O MINHO

Serralheiro de Vila do Conde dava assistência técnica

Segundo apurou O MINHO ao longo desta quinta-feira, a organização criminosa que era liderada por Luís Miguel Pereira Lopes (“Simpson”), conhecido como proprietário de um ginásio no centro da cidade de Braga, dispunha também da colaboração permanente de um serralheiro de Vila do Conde, de nome Rui Soares Azevedo, considerado como um bom especialista a adaptar as armas de alarme e as armas de pressão de ar para fogo real, alterando-lhes os canos e outras caraterísticas essenciais, pelo que essas pistolas eram, tal como os revólveres e espingardas, alteradas, entrando assim incógnitas no mercado negro.

Os valores das armas clandestinas variam, aumentando os preços consoante o seu calibre, mas em média eram vendidas por cerca de 500 euros, sempre pagos em numerário, para não deixar rastos das transações, só que a Polícia Judiciária, ao longo de quase um ano e meio, recolheu indícios que comprometem fortemente os principais suspeitos, só tendo a operação da PJ avançado quando estavam sistematizados todos os elementos probatórios.

Armas apreendidas. Foto: O MINHO

Minorias eram testas de ferro

Segundo se confirmou sucessivamente, jovens de uma minoria étnica eram os testas de ferro do grupo criminoso liderado por Luís Lopes Miguel Pereira e Carlos Manuel Branco Osório, como foi reportado com imagens recolhidas pela PJ, com prévios despachos judiciais, de encontros entre clientes e intermediários da dupla “Simpson”/Carlos Osório, sempre nos locais mais ermos dos arredores da cidade de Braga, na Serra do Carvalho e também em Ponte de Lima, com conversas e mensagens, que mesmo através de WhatsApp, tinham a particularidade de se processar sempre em código, para tentar enganar a Polícia Judiciária.

Notícia atualizada às 21h22 com a informação de que Carlos Osório não teve de pagar caução.

 
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