Braga: Queixa-crime dos pais de “Manu” faz várias revelações sobre o que se passou na noite do crime

Da bebida ‘minada’ e alegada omissão de auxílio do segurança até à propriedade da faca
Braga: queixa-crime dos pais de "manu" faz várias revelações sobre o que se passou na noite do crime
Foto: DR

A queixa-crime feita, na semana passada, ao Ministério Público de Braga pelos pais do jovem Manuel Gonçalves, de alcunha “Manu”, de 19 anos, assassinado à facada, na madrugada de 12 de abril, à porta do Bar Académico (BA), em Braga, contém em anexo fotografias e vídeos, onde, alegadamente, se identifica o homem que ofereceu uma garrafa com droga a uma menor de 15 anos, e o segurança do bar, que não lhe terá prestado o auxílio devido.

Neste caso, o vídeo demonstra, supostamente, que o segurança do BA veio à porta no momento em que o Manu estava caído no chão, a perder sangue, depois de esfaqueado, e retirou-se para dentro, nada fazendo para o socorrer.

Conforme O MINHO noticiou, os progenitores pediram ao Ministério Público a abertura de inquérito criminal para apuramento de responsabilidades contra um indivíduo, de nome Tiago, que deu uma garrafa com uma substância ilícita chamada “Boa Noite Cinderela” a uma jovem de 15 anos, bem como contra o segurança e o dono do estabelecimento e contra a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM).

Ao que soubemos de fonte ligada ao processo, a queixa identifica por imagem e perfil de rede social o autor da entrega da garrafa, e acusa o segurança do bar, de identidade desconhecida, da prática do crime de omissão de auxílio e de possível negligência grave.
Acusa, ainda, a AAUM de falhar na supervisão e gestão da segurança do estabelecimento, bem como o empresário que gere o bar e cuja identidade também desconhecem.

Criticam a conduta negligente do organismo estudantil, responsável pelo BA e pela escolha dos seus colaboradores, por ter permitido a entrada e a permanência de pessoas perigosas, e de não responder aos alertas de risco.

O MINHO contactou um dos gerentes do BA, que não se quis pronunciar, e tentou, sem conseguir, falar com o presidente da AAUM, Luís Guedes.

Pastilha a boiar numa garrafa

Recordam que, na madrugada de 12 de abril de 2025, o seu filho, Manuel Gonçalves, encontrava-se no bar, em São Vítor, acompanhado de amigos, entre os quais, uma jovem, menor de idade, quando três outros jovens seus amigos gritaram, avisando que um indivíduo oferecera uma garrafa de água à menor, contendo uma substância ilícita, a boiar, uma pastilha conhecida como “Boa-Noite Cinderela”.

Apercebendo-se do facto, – prosseguem – o Manu alertou a jovem para o perigo de ingerir a bebida, dado que Tiago teimava para que a bebesse.

Nesse momento, e face à postura de “Manu” na defesa da amiga, um grupo de cinco indivíduos, onde estava Mateus Marley Machado – que mais tarde viria a dar a facada mortal – e o Tiago, autor da introdução da pastilha na bebida, entrou em confronto físico com “Manu” ainda dentro do BA.

A seguir, e face à gravidade da situação, “Manu” pediu ajuda a um segurança, mas este recusou-se, tendo dito que nada podia fazer, em virtude de serem amigos do dono.

Segurança deu-lhe dois estalos

Os progenitores dizem, também, que, na altura, o segurança ainda lhe deu dois estalos, ao expulsá-lo do bar, dizendo-lhe: “Não te armes em herói”.

Já no exterior do bar, às 03:34, “Manu” telefonou do seu telemóvel ao namorado da sua irmã, agente da PSP, a aconselhar-se sobre o que deveria fazer, o qual lhe disse para ligar à PSP, o que ele fez.

Horas mais tarde, “Manu” terá sido esfaqueado por Mateus Marley Machado que foi identificado por testemunhas e se encontra preso preventivamente por decisão do Tribunal de Instrução de Guimarães.

Faca do crime não era de “Manu”

Os familiares fazem questão de garantir que a faca que Mateus Marley Machado, imigrante brasileiro, terá usado para o esfaqueamento não era de “Manu”, mas sim de um dos seus amigos, que também estava presente no exterior do BA, onde se registou a rixa entre os dois grupos.

A tese de que a faca era do próprio “Manu” – estudante do 12.º ano na Escola Secundária D. Maria II – foi defendida pelo advogado do agressor, em declarações aos jornalistas, e circulou nas redes sociais.

Afirmam que esse jovem acabou por confessar à PJ/Braga que a faca era sua e que lhe saltou do bolso, quando caiu ao chão, depois de ter sido atingido com uma garrafa na cabeça e de ter sido esmurrado. O suposto homicida tê-la-á apanhado e esfaqueado “Manu”.

Reitoria e AAUM fecharam o BA

O BA foi encerrado por decisão conjunta da Associação Académica e da Reitoria da Universidade do Minho. Se reabrir, será com a condição de apenas permitir a entrada de alunos, tal como sucedia quando foi concessionado. “Existe agora um clima de receio generalizado, que impacta um conjunto de estudantes e antigos estudantes”, explica a AAUM.

 
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