O homem acusado de matar a tiro um amigo em Perelhal, Barcelos, em abril de 2015, confessou esta terça-feira, no Tribunal de Braga, a autoria do crime, mas alegou que o disparo foi acidental.
Na primeira sessão do julgamento, o arguido, de 29 anos, confirmou que se sentia “perseguido” e “gozado”, nomeadamente através da rede social Facebook, por um grupo de pessoas da freguesia, acrescentando que apenas queria que a vítima lhe dissesse quem eram os autores dessa “chacota”.
“Apontei-lhe a caçadeira à cabeça mas era só para assustar. Não queria disparar, nunca quis matar”, referiu, referindo-se mesmo à vítima como seu “amigo de infância”.
O Ministério Público (MP) imputa ao arguido um crime de homicídio qualificado, mas pede que ele seja declarado inimputável, considerando que sofre de psicose esquizofrénica paranoide.
Para o MP, o arguido deve ser considerado “perigoso”, pelo que defende o seu internamento em estabelecimento de segurança.
Em tribunal, o arguido disse que a alegada chacota, que a acusação classifica de “perseguição imaginária”, durava há mais de três anos, desde o tempo em que trabalhava em França.
Disse suspeitar que o filmavam e lhe tiravam fotografias, nomeadamente enquanto dormia, e que depois esse material era publicado na Internet, concretamente no Facebook.
“Quando entrava no café, olhavam logo todos para mim, acho que me gozavam e perseguiam, mas nunca via nada na Internet nem em lado nenhum”, adiantou.
Segundo a acusação, o arguido teria feito uma lista de pessoas a abater e, na madrugada de 23 de abril de 2015, pegou numa caçadeira e foi à procura dos seus “alvos”.
O primeiro não estava em casa, o segundo apareceu com a filha e terá sido “poupado” por isso, mas o terceiro teve menos sorte, sendo morto com um tiro à queima-roupa, a uma distância de dois ou três metros, quando esperava dentro do seu carro pela carrinha que o deveria levar para o trabalho.
A vítima, de 27 anos, foi atingida na zona da cabeça e teve morte imediata.
“Só queria saber se ele sabia quem andava a gozar comigo, disparei sem querer”, repetiu o arguido, confessando que aquela tinha sido a primeira vez que usara a arma e que antes já tinha efetuado um outro disparo involuntário.
Após o crime, o homicida pôs-se em fuga mas pouco depois acabou por se entregar à GNR.
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