A Concelhia do PSD de Barcelos demitiu-se por discordar da escolha do candidato imposto pela Nacional, Mário Constantino, e da coligação com o movimento Barcelos, Terra de Futuro, do ex-vice-presidente socialista Domingos Pereira.
“Porque não nos foi possível cumprir a nossa missão, não resta a esta Comissão Política outra alternativa que não a de antecipar o final do seu mandato. Volvidas as eleições autárquicas devolveremos aos Militantes a palavra para que seja eleita nova direção”, lê-se no comunicado hoje enviado às redaçaões.
A Concelhia tinha escolhido como candidato à Câmara um independente, o empresário João Sousa, decisão aprovada pela Distrital, mas que esbarrou na Nacional, que impôs o nome de Mário Constantino.
No entanto, recorde-se que a Concelhia é presidida por António Lima, anterior vice-presidente, que subiu à liderança após o anterior líder, Bruno Torres, se ter demitido quando o seu nome não foi aprovado na Concelhia.
Bruno Torres que integra as listas da Coligação Barcelos Mais Futuro (PSD, BTF e CDS), não tendo levado a cabo uma hipotética candidatura independente que chegou a ser aventada.
No comunicado em que anuncia a demissão, a Concelhia diz que a escolha de João Sousa foi “inviabilizada através de velhos métodos de fazer política” e que os atropelos aos estatutos foram reconhecidos “pelo Conselho de Jurisdição do PSD, bem como por dois acórdãos do Tribunal Constitucional”.
“Mas, mais grave que a indicação do candidato, foi todo o conjunto de acontecimentos que lhe seguiram com absoluto desrespeito pelas estruturas legitimamente eleitas, acrescenta a Concelhia, dizendo que Mário Constantino “negociou e assinou uma coligação com o CDS-PP e um acordo com o BTF, utilizou meios do partido sem dar qualquer conhecimento à CPS, indicou um candidato à presidência da mesa da Assembleia Municipal diferente do aprovado pela Comissão Política, elaborou as listas à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal a seu bel-prazer e, ainda mais grave, incluiu o Sr. Domingos Pereira (Ex. vereador e Ex. presidente da estrutura local do Partido Socialista) na lista à Câmara Municipal, ao arrepio da vontade manifestada pelos militantes presentes no último plenário de secção, que rejeitaram terminantemente a inclusão desse nome na lista”.
“Tudo isto sem dar qualquer satisfação, nem colher qualquer aprovação por parte do órgão partidário local”, realça.
A Concelhia, que ameaçava entregar uma segunda lista no Tribunal, diz que, “convocado para a entrega das listas aprovadas pela Comissão Politica de Secção de Barcelos, também o Mandatário de Listas indicado pela Comissão Política Nacional, companheiro Carlos Reis, agindo em benefício próprio, se recusou a receber e fazer entregar no tribunal as listas legitimamente elaboradas e aprovadas pela Comissão Política de Secção, em violação grave e grosseira dos Estatutos Nacionais do PSD quanto ao processo e órgãos com competência para aprovar e submeter listas, assim como negociar coligações ou acordos locais”.
E acrescenta: “Perante isto a Comissão Política de Secção poderia ter forçado a entrega das suas listas no tribunal, ou poderia ainda ter impugnado aquelas que foram ilegitimamente entregues. Mas tal decisão teria como consequência a inexistência de listas do PSD concorrentes à Câmara e Assembleia Municipais. A Comissão Política, em benefício do Partido e da democracia entendeu não o fazer. Não poderíamos privar os barcelenses de uma alternativa ao Partido Socialista”.
Nas últimas autárquicas, o PS ganhou a Câmara de Barcelos, elegendo cinco elementos.
O PSD e o CDS, coligados, obtiveram quatro mandatos e o BTF conseguiu dois.
Nas eleições deste ano, o socialista Miguel Costa Gomes, que preside à Câmara desde 2009, não se pode recandidatar, devido à lei de limitação de mandatos, pelo que o candidato do PS será Horácio Barra, atual presidente da Assembleia Municipal.