Dizem que ficaram “a arder” com o dinheiro depois de terem comprado as quotas da Clínica Particular de Barcelos por 75 mil euros. O negócio nunca avançou e o vendedor não devolveu o dinheiro. Exigem, por isso, no Tribunal Cível de Braga, 140 mil euros à empresa que era dona da Clínica, a CIEDA, Lda, e ao seu ex-sócio-gerente, o médico Afonso Henriques Inácio. Antes do julgamento do foro cível, está marcada, para hoje, uma tentativa de conciliação entre as partes, promovida pelo juiz.
Moisés Barbosa Vieira e mulher e Carlos Gonçalves, de Barcelos, defendidos pelo advogado João Magalhães, de Braga, dizem ter assinado, em 2003, com aquele médico – que foi gerente até 2005 -, um contrato-promessa de compra, por 75 mil euros, de uma quota com o valor nominal de 18 mil. O pedido de reembolso que fazem agora chega aos 140 mil euros, isto porque que exigem mais 65 mil, o dobro da verba dada inicialmente como sinal.
Os queixosos argumentam que o negócio nunca foi concretizado e que o dinheiro, pago em quatro cheques bancários, nunca lhes foi devolvido. Como seria normal. E acusam o médico de “enriquecimento sem causa”.
Na contestação, a CIEDA (Carvalho, Inácio, Esteves, Duarte & Araújo, Lda) – então proprietária da Clínica – dizem que o processo é apenas “litigância de má-fé” já que ficou demonstrado em duas outras ações – no Tribunal de Braga e no recurso para o da Relação de Guimarães – que a firma não tinha assinado nenhum contrato e nenhum dos cheques entrou na sua conta bancária. Desconhece, por isso, qualquer pagamento. Assim, assegura que a ação “é infundada” e lamenta que os seus autores se queiram “locupletar à custa da empresa”.
Já Afonso Henriques Inácio nega ter ficado abusivamente com o dinheiro, dizendo que o negócio nunca se concretizou por desinteresse dos queixosos.
A Clínica Particular de Barcelos acabou, depois, por ser vendida à CESPU (Cooperativa de Ensino SuperiorPolitécnico e Universitário), de Viana do Castelo, a qual a alienou, ainda, ao Hospital Particular de Viana. Esta empresa fez, entretanto, uma queixa-crime no Ministério Público do Tribunal de Braga por causa do negócio.
Julgado por burla
Conforme O MINHO noticiou, Afonso Henriques Inácio é um dos três médicos que estão a ser julgados em Braga pela prática de 12 crimes. Estão acusados de falsificarem relatórios médicos para ajudar pessoas candidatas a receber pensão de invalidez. Afonso Inácio, com consultório em Barcelos, está acusado pelo Ministério Público de três crimes de burla tributária na forma qualificada, de outros dois na forma simples, de mais seis na forma tentada, e de um crime de atestado falso.