A CP aguarda uma resposta da Renfe sobre a possibilidade de comprar ou alugar à transportadora espanhola locomotivas bitensão para operar o comboio Celta, disse hoje o presidente aos jornalistas na Linha do Douro, a bordo do Comboio Presidencial.
“A informação que temos, diretamente do presidente da Renfe, é que estão a analisar, e que logo que possível que nos davam informação da possibilidade de nos venderem ou alugarem locomotivas” da série 252, “das quais existem locomotivas bitensão, que permitem a circulação nessa linha que está eletrificada”, disse aos jornalistas o presidente da CP – Comboios de Portugal, Pedro Moreira.
O responsável falava a bordo da viagem de apresentação do Comboio Presidencial, que circulará na Linha do Douro a partir de março de 2024.
Em causa está a realização do comboio internacional Celta, entre o Porto e Vigo, bem como a possível extensão de outros serviços da CP a Espanha para lá de Valença (distrito de Viana do Castelo) num comboio elétrico.
Atualmente, apesar da linha estar eletrificada nos dois lados da fronteira, o comboio Celta, com dois serviços diários, é feito com recurso a automotoras a diesel (alugadas à Renfe), pelo facto da tensão elétrica ser diferente em Portugal e Espanha.
“Nós temos estado a trabalhar, nomeadamente na última cimeira que se fez CP – Renfe, e depois em conversações posteriores esse assunto foi tratado”, assegurou Pedro Moreira.
Questionado sobre o desenvolvimento de uma locomotiva bitensão por parte da CP, adiantado no ano passado pela empresa, Pedro Moreira referiu que esse projeto foi abandonado após “uma análise custo-benefício”, estando a estudar outras que não quis especificar.
“A mais rápida de operacionalizar seria a compra ou aluguer de locomotivas à Renfe”, disse o presidente da CP, defendendo ainda que a eletrificação do lado espanhol com a tensão europeia (utilizada em Portugal) “era o correto” a fazer.
Pedro Moreira adiantou ainda que a CP está a trabalhar “na homologação da autorização de circulação de material circulante” seu em Espanha, “nomeadamente as próprias carruagens Arco”, compradas à Renfe e totalmente renovadas em Portugal nas oficinas de Guifões, em Matosinhos (distrito do Porto).
Criado em 2013, o comboio Celta tem “duas circulações por dia de cada lado”, com partidas do Porto – Campanhã às 08:13 e às 19:10, e com partidas de Vigo às 08:58 e às 19:56..
Em 2014, o primeiro ano a funcionar em pleno, o Celta transportou 58.377 passageiros, de acordo com dados fornecidos pela CP.
Em 2022, foram transportados 110.990 passageiros e, até agosto de 2023, foram contabilizados 76.500 passageiros.
Em outubro, o Eixo Atlântico lamentou que o comboio Celta seja uma “solução provisória” com 10 anos, reclamando que Espanha altere a tensão da ferrovia entre Guillarei e Tui para melhorar a ligação Portugal-Galiza.
Por seu lado, a Junta da Galiza reclamou “um verdadeiro comboio transfronteiriço, competitivo”, com paragens que sirvam empresários e trabalhadores do Alto Minho e daquela região espanhola.
“Há uma oportunidade clara para melhorar aí, tem que se fazer uma boa conexão regional a cada hora ou duas entre Vigo, Tui, Valença, Viana do Castelo e depois para o Porto”, disse também à Lusa o especialista europeu em ferrovia Jon Worth.