A Comunidade Intermunicipal do Cávado pediu, ontem à Área Metropolitana do Porto (AMP) que reative a ligação rodoviária direta por autocarro entre Porto e Braga, via autoestrada A3, encerrada na última sexta-feira, comprometendo-se, para tal, a pagar os eventuais prejuízos que a mesma possa acarretar.
O seu presidente, o autarca de Braga, Ricardo Rio, disse à rádio Antena 1 esperar que a ANMP retome a ‘carreira’. “Se há prejuízo ele é residual. Mas a CIM Cávado está disposta a financiá-lo”, disse o autarca, reafirmando que a CIM e a Câmara de Braga estão de “mãos atadas” já que a competência legal para a reativação da operação está na AMP, a quem basta pedir ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes a prorrogação da licença provisória que estava em vigor.
O MINHO contactou a AMP, tendo obtido como resposta a de que o ofício endereçado pela CIM “está em análise nos serviços jurídicos”. E que algo seria respondido à CIM do Cávado
O diretor da CIM, Rafael Amorim, reuniu-se com a Comissão de Utentes, tendo ficado acordado que estes anunciado que iriam enviar idêntico pedido à AMP. Foi abordada a possibilidade de, em caso de resposta negativa, pedirem à transportadora Transdev – que operava a linha agora fechada a criação de uma linha direta ‘Expresso’ de autocarro entre Braga e Porto, dado que “não dá prejuízo”. Mas os utentes – e de acordo com Maria Peixoto – rejeitaram por vários motivos: não servia os seus utentes uma vez que a mesma não poderia dispor de passes mensais, tornando-se insustentável financeiramente a aquisição de bilhetes diários; os pontos de paragem do autocarro seriam diferentes dos atuais”.
Rafael Amorim adiantou a O MINHO que o organismo pondera encontrar uma resposta imediata para os doentes oncológicos que usavam a «carreira» para tratamentos no IPO (Instituto Português de Oncologia).
Críticas entre CIM e AMP
No ofício enviado à AMP, a CIM do Cávado diz-se “muito surpreendida com as informações veiculadas pela Área Metropolitana , até porque, em causa, não está uma decisão de natureza política, mas, sobretudo, técnica e legal”.
“A AMP é a entidade responsável pelo serviço de ligação direta entre Braga e Porto, operado pelo grupo Transdev, denominado First Class – Carreira 1108 – Braga – Porto (pela A3) uma vez que foi ela que concedeu a autorização n.º 0488/IR/AMP e ordenou, ao operador, a sua suspensão/extinção”, escreve.
Acresce ainda – sublinha – que é também responsável, quer nos termos dos acordos de partilha assinados em 2019 que imputam o maior número de quilómetros, paragens e inserção na rede à AMP, quer pelo fato de ser um trajeto muito importante, tal como para Braga, também para o Porto, porque transporta milhares de utilizadores que são trabalhadores, estudantes ou utentes do Hospital.
No domingo, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues responsabilizou a Comunidade Intermunicipal do Cávado pelo fim do serviço de autocarro, alegando que competia à entidade minhota promover a sua continuidade.
“As linhas interregionais que a AMP iria contratualizar estavam definidas nos acordos de 2019, pelo que já seria do conhecimento da CIM do Cávado que esta linha iria terminar. Competia-lhe atempadamente tratar da questão das suas populações”, afirmou o autarca de Gaia.