Cidade de Alcácer Quibir abre centro luso-marroquino de interpretação da Batalha de 1578

Historiador conclui cinco vídeos sobre presença portuguesa
Cidade de alcácer quibir abre centro luso-marroquino de interpretação da batalha de 1578

O arquiteto e historiador Frederico Mendes Paula conclui, este mês, um conjunto de cinco vídeos, em português, árabe e francês, sobre a presença portuguesa em Marrocos, elaborados a pedido do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal no país.

Frederico Mendes Paula é especialista nas relações históricas entre Portugal e Marrocos, como o atestam os dois livros que publicou: “Portugal em Marrocos- olhar sobre um património comum” e, recentemente, o “Histórias de Portugal em Marrocos”

O autor, colabora, ainda, com dois outros historiadores portugueses, no lançamento, em Alcácer Quibir, de um centro de interpretação luso-marroquino, englobando um pequeno museu, sobre a Batalha dos 3 Reis, ocorrida há 433 anos, em que foi morto o rei D. Sebastião, e onde ficaram cativos 16 mil portugueses.

A O MINHO, Mendes Paula disse que os vídeos terão 30 minutos cada, prevendo-se que sejam exibidos no pavilhão português na Expo do Dubai em 2022 e nas escolas marroquinas. E, provavelmente, em Portugal num meio de comunicação ainda não definido.

Sobre o seu conteúdo adiantou que começam por abordar o período inicial de “Guerra e Conquista”, com a tomada de Ceuta em 1415, seguindo-se a ocupação de várias praças no norte marroquino, como Arzila e Tânger. Descreve, ainda, o modo como os portugueses conseguiam sobreviver, de forma isolada, nas fortalezas, e abastecer-se de víveres, criando, no seu exterior zonas agrícolas e de pastoreio, defendidas por paliçadas, regressando à noite ao interior dos muros.

Cidade de alcácer quibir abre centro luso-marroquino de interpretação da batalha de 1578
Torre de Menagem de Arzila

Mostra, ainda, num capítulo intitulado «As praças portuguesas e o protetorado da Duquela», o modo como as praças costeiras do Sul se relacionaram com tribos da região, onde, ao contrário da zona Norte em que dominava o rei de Fez, não havia um monarca que as unificasse.

O último vídeo aborda a Batalha de Alcácer Quibir (4 de agosto de 1578), o abandono da cidadela de Mazagão, após um longo cerco marroquino (1769) e o Tratado de Paz entre as duas nações (1774).

Cidade de alcácer quibir abre centro luso-marroquino de interpretação da batalha de 1578
Cidadela de Mazagão

A batalha

Sobre o Centro de Interpretação de Ksar-El-Kebir, Frederico Mendes Paula salienta que o Município local já reconstruiu um edifício no sítio da Batalha e uma equipa de historiadores dos dois países (ele próprio e dois professores da Universidade Nova de Lisboa), prepara a abertura, para breve, de uma exposição permanente e de um museu.

O historiador é membro do projeto do Centro de Ksar El Kebir (Álcacer Quibir) para o Estudo e Valorização do Património Luso-Marroquino, no âmbito do Protocolo de Geminação assinado em 2018 entre a Câmara Municipal de Lagos (onde trabalha) e a Commune de Ksar El Kebir.

Alcácer Quibir foi página negra para Portugal mas fator de união em Marrocos

Em 2020, Frederico Mendes Paula editou o livro “Histórias de Portugal em Marrocos” – tema sobre o qual mantém um blogue – , tendo antes escrito a obra “Portugal em Marrocos- Olhar sobre um património comum”.

Presentemente, prepara a edição de um livro sobre a presença árabe nas cidades portuguesas.

 
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